Reportagem: Melt-Banana [Maus Hábitos, Porto]

Reportagem: Melt-Banana [Maus Hábitos, Porto]

| Outubro 3, 2017 1:42 pm

Reportagem: Melt-Banana [Maus Hábitos, Porto]

| Outubro 3, 2017 1:42 pm



A noite de quinta-feira ficou marcada pela estreia absoluta
dos japoneses Melt-Banana em Portugal. No ano em que os nipônicos comemoram 25
anos de carreira, as portuenses Lovers & Lollypops e Amplificasom juntaram
forças para trazer o agora duo japonês ao melhor quarto andar da cidade do
Porto. Detentores de uma sonoridade muito característica e influente para os
mais diversos artistas, muitos deles consagrados (John Zorn, Melvins
e Mike Patton para referir alguns), os Melt-Banana, agora compostos apenas por Yasuko Onuki e Agata, apresentaram-se perante um Maus Hábitos esgotado que não tardou em
mostrar o entusiasmo que se vivia na sala.


Depois de alguns minutos a testar o som, o duo entrou ao som
de um instrumental, seguindo-se de imediato os temas saídos de Fetch, o último disco editado pela banda
japonesa em 2013. Ouve-se “The Hive” e “Lie Lied Lies” e o público não tarda a
abrir o pit.  Volume sempre no máximo e  blast beats de velocidade estonteante marcaram
um concerto que nunca perdeu o ritmo nem a  intensidade, balanceado apenas por pequenas
pausas onde Yakusa, com o seu tom de voz particular quase cartoonesco nos contava o quão satisfeita estava por finalmente
visitar Portugal.



Entre os diversos temas de uma já extensa carreira marcada
por experimentalismos pop e electrónicos assumidamente noisecore, houve espaço
ainda para uma inesperada surpresa com a dupla a interpretar uma versão de “Uncontrollable
Urge” dos igualmente excêntricos Devo, banda que no final dos anos 70 se
encontrou no cruzamento entre o punk
e a new wave.  “Lost Parts Stinging Me So Cold” foi sem
dúvida um dos momentos altos do concerto, e o único tema presente em Cell-Scape (discutivelmente o melhor
álbum da banda) a integrar o alinhamento. 



O concerto terminaria com mais dois
momentos essenciais, primeiro com uma cómica versão de “What a Wonderful World”
de Louis Armstrong, seguindo-se a poderosa “Candy Gun” para deixar o público em
fervor uma última vez. 
Uma hora intensa que mais pareceu passar a correr e que jamais será esquecida por quem lá esteve presente. Quem também não se irá esquecer desta atuação serão os nossos ouvidos que nunca mais voltarão a ser os mesmos.

Melt-Banana @ Maus Hábitos, Porto

Texto: Filipe Costa 
 Fotografia: Ana Carvalho dos Santos
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