L’orange
The Ordinary Man

| Novembro 14, 2017 1:58 am

The Ordinary Man // Mello Music Group // outubro de 2017
8.5/10
Oriundo da Carolina do Norte, em Nova Iorque, o produtor L’Orange lançou em outubro um novo álbum, The Ordinary Man, pela label da Mello Music. The Ordinary Man é uma bela coletânea que transportará o ouvinte para uma dimensão em que os tempos eram considerados mais simples e upbeat, mas sem nunca prescindir de uma atmosfera mais contemporânea. Este disco aborda a história fictícia sobre a ascensão e queda dum mágico que, ao aperceber-se que os colegas de ofício ultrapassaram os dias de tirar coelhos da cartola, decide também chegar a extremos para revolucionar o seu ato.

Segundo a introdução do produtor nova-iorquino L’Orange, ele especializa-se em usar o sampling e o mixing em prol de uma estrutura mais cinemática e narrativa nos seus álbuns sempre conceptuais. Quer-se com isto dizer que usa os vários samples que recolhe de materiais audiovisuais anteriores aos anos 50 – nomeadamente aqueles que vêm da rádio, ou de música soul e jazz – num aglomerado de som que demonstra a sua obsessão por cinema noir e temas mais sombrios.

O álbum conta com dezasseis faixas no seu todo. Qual craftsman sonoro, L’Orange esmera-se para passar a sua visão artística composta de tempos idos e de sensibilidades modernas, e quem ouve certamente não passará ao lado do zeitgeist captado nos instrumentais como a faixa de abertura “Third Person”, “Parlor Magic” e “Suspension”, graças aos samples bem distribuídos de sons orquestrais, cantautores estrangeiros obscuros e teclados smooth. Como é bom costume nestas andanças, L’Orange não quis deixar de trazer vários companheiros para feats, como os rappers Elzhi, Blu (ambos a marcar presença em “The Difference”) Del the Funky Homosapien (a dar o ar de sua graça meio carrancuda em “Blame the Author”) e Odissee (com o seu charme cativante em “Look Around”).
Fazendo jus ao track record consistente do produtor, este é mais um disco que vale a pena escutar de início ao fim. Apesar de pecar por ser um bocado repetitivo no geral, a ambição de dimensões teatrais e temática mística que domina o seu som vai assegurar um bom serão. É uma experiência que é melhor ouvida do que descrita, tal como, aliás, qualquer outro registo de L’Orange.
.
Texto por: Rúben Leite
FacebookTwitter