Apesar de não serem a primeira banda a seguir este percurso em 2017, tendo já os Pallbearer lançado um álbum onde são notáveis as influências pinkfloydianas mas com uma sensibilidade mais virada para o doom metal, os Elder apresentam uma vertente com influências mais blues, típicas do stoner rock.
A crítica tem sido muito simpática em relação à polição do som da banda, com o destaque de músicas como "The Falling Veil" ou "Sanctuary" a serem louvadas pela lufada de ar fresco que trazem ao género.
Contudo, certamente que a banda não se vai esquecer de tocar em Moledo a memorável "Dead Roots Stirring", do álbum que partilha nome com esta faixa, ou de mostrarem ainda algumas malhas do igualmente louvável álbum Lore, lançado em 2015.
Aquela que é, discutivelmente, a banda que mais decibéis vai alcançar nesta edição do Sonic Blast, os suecos Monolord tocam um Stoner Doom monolítico e hipnotizante dada as repetições capazes de deixar qualquer um em transe.
Vaenir foi lançado em 2015 e é o segundo álbum da banda. Neste podemos encontrar muitos dos clichés que imaginamos quando ouvimos a descrição da banda, contudo são uns bons clichés executados com um volume capaz de fazer os ouvidos expelirem sangue e com uma técnica irrepreensível.
Contudo, quanto mais pesada a banda é, a sensação psicadélica acompanha-a proporcionalmente, não só com as repetições infinitas acima referidas, mas também com faixas como "The Cosmic Silence", onde é visível uma coroa de flores na sua cabeça e a inspiração de faixas como “Solitude” ou “Planet Caravan” dos Black Sabbath, traduzidos num momento acústico que permite o disco respirar até voltar à carga com os instrumentos ensurdecedores.
É recomendado um aquecimento ao pescoço antes do começo do concerto para evitar as lesões e as dores durante as próximas semanas associadas ao constante headbang.
Kikagaku Moyo - House in the Tall Grass
Uma das apostas mais interessantes desta edição do SonicBlast, onde se afastam da típica sonoridade stoner e convocam os japoneses Kikagaku Moyo para exibirem o seu folk psicadélico com pinceladas orientais.
Apesar da barreira linguística poder criar alguns obstáculos na hora de apreciar a música, os instrumentos falam uma língua universal e estes japoneses prometem algumas das melhores jams desta edição do festival.
O mais recente longa duração House in the Tall Grass é uma viagem psicadélica inspirada nos elementos da música clássica indiana, do Krautrock alemão e de bandas de folk e de rock psicadélico americanas e inglesas dos anos 60 e 70. Uma verdadeira experiência daquilo que melhor a globalização tem para oferecer.
É de esperar que o headbang seja substituído por pés descalços em danças durante músicas como “Green Sugar” ou “Silver Owl” ou então os olhos a brilhar com as trips psicadélicas de jams lindíssimas, caso de “Cardigan Song”.
A sua ausência foi sentida na edição passada devido à lesão no pulso de Ricardo Miranda, mas agora os Black Bombaim estão de volta para se redimirem e para mostrar o porque de serem do stoner português.
O trio composto por Ricardo Miranda na guitarra eléctrica, Paulo Gonçalves na bateria e Tojo Rodrigues no baixo não são novatos nenhuns nestas andanças tendo já atuado em grandes festivais nacionais como Paredes de Coura ou, mais recentemente, o Super Bock Super Rock, e já marcaram presença internacional em festivais como o Roadburn. Estes pretendem mostrar o porquê de estarem a disputar o estatuto de cabeças de cartaz com as restantes bandas internacionais.
A escolha para álbum a ouvir desta banda recai em Far Out, que conta com duas faixas inteiramente instrumentais, sendo a primeira "África II" (com 16 minutos) e a segunda "Arábia" (18 minutos). Os nomes da músicas são bastante explícitos naquilo que estes pretendem interpretar, sendo que cada uma pretende ilustrar, à sua maneira especial, uma viagem por cada uma destas terras.
Em Moledo, certamente que o trio vai revisitar alguns destes momentos que prometem umas boas viagens introspetivas.
Yuri Gagarin - At The Center of All Infinity
Esta banda sueca, que rouba o nome do cosmonauta russo e primeiro homem a viajar pelo espaço, é um dos melhores exemplos do que o stoner rock tem para oferecer e, apesar de contar apenas com dois álbuns de longa duração na sua discografia e de existirem há consideravelmente pouco tempo, já alcançaram o estatuto de banda de culto com uma legião de fãs fiéis.
A mistura de stoner com os elementos ambientais que tão bem caraterizam o space rock conferem a esta banda um sentimento de singularidade que a torna tão especial. Um bom concerto para fechar os olhos e divagar pelo vasto cosmos ao ritmo de um meditativo headbang.