Calexico
The Thread That Keeps Us

| Janeiro 31, 2018 12:14 pm



The Thread that Keeps Us // Epitaph // janeiro de 2018

7.3/10

Criados em 1995 por antigos membros dos Giant Sand de Howe Gelb, em Tucson, Arizona, o ensemble indie-rock Calexico lança pela Epitaph Records o seu décimo álbum, The Thread That Keeps Us, com a sua fórmula patenteada de desert noir, uma categorização que denomina a maneira da banda celebrar o culture clash que tem lugar na fronteira entre os EUA e o país vizinho México. Neste álbum, a banda inspira-se em temas sérios como a tensão entre ambos os países na era da presidência de Trump e questões relativas ao ambiente.

A fórmula musical da banda é um cruzamento improvável alternativo de cariz soalheiro e etéreo – quase a roçar o post-rock – com outras sonoridades da cultura americana, como o Country, o Folk e o Jazz, e das culturas caribenha e latino-americana, como os sons Mariachi, Tejano, e Conjunto, criando uma palete que celebra a diversidade e remonta o ouvinte aos desertos áridos da fronteira entre ambas as nações.

O álbum abre com “End of the World With You”, começando com uma guitarra levemente dissonante que é logo acompanhado por uma instrumentação mais virada para o country/folk prazenteiro. “Voices in the Field” mantém esse ambiente, com direito a uns solos de guitarra bem inebtriantes em contraste com as trompas. “Under the Wheels” cruza trompetes mariachi com uma guitarra reggae, sendo uma das faixas mais festivas graças ao ritmo contagiante. 


“The Town and Miss Lorraine” é um ponto baixo do álbum, revelando ser demasiado delicodoce para o seu próprio bem. “Flores y Tamales” é uma interessante demonstração do quão familiar a banda está com a parte latina do seu ADN, até sendo cantada exclusivamente em espanhol. “Another Space” é inesperadamente enérgica, graças a um trabalho de teclados electrizante. “Eyes Wide Awake” é outra faixa que fica aquém, com o excesso de guitarras dissonantes a tornar a experiência mais frouxa. “Dead in the Water” revela o lado mais rock ‘n’ roll da banda, sendo uma faixa que se destaca devido a uma natureza mais brusca em relação ao resto do alinhamento. 

Também valerá a pena referir os interlúdios instrumentais “Shortboard”, “Unconventional Waltz” e “Spinball”, que apesar de curtos, dão um certo volume ao alinhamento no geral. A recta final do álbum é composta por “Thrown to the Wild”, discutivelmente a faixa com background mais jazzy – talvez devido ao piano a acompanhar – e outra faixa tingida de country-folk “Music Box”.

Com este álbum, pode-se seguramente dizer que a banda demonstra uma consistência significativa no que toca a manter o seu estilo distinto dos seus contemporâneos. Infelizmente, isso não implica necessariamente que este álbum esteja ao nível de um Carried to Dust ou de um The Black Light, pecando por ter menos momentos memoráveis em comparação com estes registos. Mesmo assim, The Thread that Keeps Us tem o seu quinhão de momentos que certamente irá de encontro a quem procure algo incomum dentro do género.
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