Summoning
With Doom We Come

| Fevereiro 6, 2018 5:58 pm
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With Doom We Come // Napalm Records // janeiro de 2018
7.5/10


mais de duas décadas atrás e, sob o olhar desaprovador dos fundadores do género,
os austríacos Summoning conseguiram praticamente
criar um novo sub-género dentro do black
metal
com o lançamento do seu segundo disco, Minas Morgul. Desde aí, o duo constituído por Protector e Silenius tem
refinado a sua fórmula a cada obra, mas com a base a manter-se praticamente
inalterada: peças maioritariamente longas, produção lo fi, vocais maioritariamente ríspidos, teclados épicos (e por
vezes cheesy), riffs melódicos, e uma drum
machine
com um ritmo quase militar.

Embora
cada um dos seus álbuns anteriores tenha uma identidade própria, devido
maioritariamente ao nível de protagonismo dado às guitarras e aos teclados na
produção, em With Doom We Come temos
uma continuação da sonoridade explorada no seu antecessor, Old Mornings Dawn, o que acaba por não surpreender pois a maioria das
composições aqui incluídas tiveram origem nas sessões deste último. Os teclados
voltam a ter maior destaque, com a guitarra a servir mais como suporte, mas um
dos pontos fracos do disco acaba por ser a sua produção, principalmente pelo
desequilíbrio na mistura destes dois instrumentos, e levando a que a parede de
som criada nunca tenha a textura sublime que encontramos nas suas obras
anteriores.

Maioritariamente com base nas obras de J. R. R. Tolkien,
as composições transmitem um ambiente mais soturno e primordial em comparação
com a sonoridade triunfante de discos como Stronghold
ou Let Mortal Heroes Sing Your Fame. A
primeira faixa, “Tar-Calion”, nunca chega a construir uma dinâmica apropriada e
acaba por não justificar a sua longa duração, em muito devido à menor presença da
guitarra e à fraca produção. Imediatamente a seguir, “Silvertine” corrige este erro com teclados
bem apoiados por riffs em tremolo, juntando-se a voz distorcida de
Silenius e uma excelente melodia de piano, que facilmente nos transportam para a Terra Média. O miolo do disco acaba por conter os
temas mais medíocres que nunca derivam o suficiente da fórmula típica da banda
para terem um impacto notório, destacando-se ainda assim o poderoso riff central de “Carcharoth”.


“Night
Fell Behind” dá início à fantástica reta final do álbum, com os seus vocais
tenebrosos e dando novamente maior destaque à guitarra, sendo seguida de “Mirklands”,
tema com ambiente mais soturno e uma construção bastante lenta bem sustentada
pelos seus teclados. Para terminar com chave de ouro, “With Doom I Come”, o single e primeira canção revelada do
álbum, contém um pouco de todos os ingredientes já utilizados pela banda na sua
história, como um coro e uma voz feminina, algo já habitual no fecho dos seus
álbuns. As vozes ficam a cargo de Protector,
apresentando-se limpas e suaves (tal como em “Earthshine” do disco anterior), e
servindo para dar ainda mais ênfase ao sentimento de melancolia que percorre
todo o álbum.

Ainda
que a produção seja defeituosa em certos momentos e que a solidez de algumas
composições fique um pouco aquém daquilo que a banda já demonstrou ser capaz, With Doom We Come consegue saciar a sede
dos fãs do grupo após cinco anos de espera com uma boa dose de temas robustos que poderiam perfeitamente ser inseridos na banda sonora da trilogia O Senhor dos Anéis, realizada por Peter Jackson.



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