Conjurer
Mire

| Março 13, 2018 6:18 pm
Mire // Holy Roar Records
// fevereiro de 2018
9/10
Um álbum de estreia acaba por, na
gigantesca maioria dos casos, envolver uma tentativa de criar um nicho próprio mas
ainda com uma certa dose de clichés derivados dos géneros explorados. Os Conjurer, através de Mire, são certamente uma das excepções a
esta afirmação. Formado em 2014, o quarteto britânico composto por Dan Nightingale (vocais, guitarra), Brady Deeprose (vocais, guitarra), Jan Krause (bateria, e ex-teclista dos
titãs do funeral doom Esoteric) e Andy Price (baixo) apresenta influências de sub-géneros do metal como black, death, sludge, prog e até de post-metal mas consegue produzir uma sonoridade bastante original e
matura.



O grupo já tinha criado bastante
burburinho no seu país de origem, mesmo quando apenas tinha um EP editado (I, em 2016), através das suas explosivas
atuações ao vivo, onde têm vindo a tocar todos os temas que compõem Mire há já algum tempo, e sendo imediatamente
comparados a grupos como os The Ocean,
Gojira, Mastodon e Neurosis. Lançado pela Holy Roar Records, Mire é um trabalho
que, ao longo dos seus 44 minutos de duração, demonstra a capacidade da banda em
conjurar composições repletas de riffs
pulverizantes e avassaladores, já bem patentes em I, mas equilibradas com secções lentas e melódicas, e com uma atmosfera
sempre tenebrosa.
A raivosa “Choke” abre o disco com riffs lentos e pesados mas que rapidamente aceleram até um ritmo avassalador, bem acompanhado por blast beats e pelos guturais selvagens de Dan e Brady, e com o down-tune soberbo a fazer-nos lembrar os suecos Meshuggah. A produção acaba por estar impecável ao longo das sete faixas, principalmente pela clareza de todos os instrumentos, e que sem dúvida ajuda a dar mais impacto às transições entre as secções pulverizantes e as partes mais soturnas. “Hollow” destaca-se principalmente por este contraste de ritmos que ajuda a tornar o seu quase-refrão ainda mais esmagador. Segue-se “Thankless”, provavelmente a canção mais forte de Mire, e onde a combinação de secções mais extremas com porções de guitarra mais melódica e de vocais limpos é feita de forma sublime ao longo dos seus 8 minutos e meio de duração.


“Retch” mantém o ritmo bem
elevado e vai apelar certamente aos fãs de Converge,
seguindo-se “The Mire” com a sua belíssima introdução, que é rapidamente
rasgada pela bateria e riffs demoníacos,
e onde voltamos a ouvir claras influências de black metal. “Of Flesh Weaker Than Ash” volta a demonstrar a facilidade
com que a banda consegue variar o ritmo das suas composições de forma bastante
natural, aproximando-se um pouco da sonoridade post-metal dos Cult of Luna.
O disco termina apropriadamente com o ritmo mais lento de “Hadal”, ainda que sempre com a
presença de uma camada sludge.


A maturidade destas composições, principalmente tendo em conta a
idade dos seus membros, torna os Conjurer
na maior revelação da cena britânica de metal
dos últimos anos e não será surpreendente que o lançamento de Mire lhes permita conquistar o resto do globo.

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