Young Fathers
Cocoa Sugar

| Março 11, 2018 6:00 pm
Cocoa Sugar // Ninja Tune // março de 2018
8.0/10

O trio de mentes visionárias originário de Edimburgo, na Escócia, que opera sob o nome de Young Fathers, tem um novo álbum publicado – o terceiro da discografia – denominado de Cocoa Sugar. Com um following que tem crescido nos últimos anos, os Young Fathers têm-se destacado nos últimos anos pelo seu estilo musical diversificado e pelas performances electrizantes, e este novo registo, composto por doze temas, não é excepção.

O som deste act escocês pode ser caracterizada como sendo uma infusão intransigente de vários géneros como pop, música eletrónica, hip-hop e soul, todos abordados sob um prisma mais alternativo, quase como que a relembrar, por exemplo, os momentos áureos do trip-hop – tanto que possuem uma colaboração com os Massive Attack no seu percurso – mas sem nunca prescindir de atingir uma perspetiva mais atual e própria, com uma estética mais próxima do lo-fi.


O alinhamento começa com “See How”, uma faixa convidativa que prepara o ouvinte para mais uma rodagem no imaginário do grupo, completo com contraste entre um coro gospel e um instrumental com apontamentos de noise discretos mas proeminentes. A seguir vem “Fee Fi”, que tem uma certa, se bem que discreta, vibe de industrial hip-hop, com um sample breve de piano a tocar em certos pontos da faixa. “In My View”, um dos singles de avanço e uma das faixas mais fortes, tem uma vibe optimista que se reflete no trabalho rítmico e vocal. Depois segue-se “Turn”, com uma letra mais confrontante a abordar o tema de auto-aceitação, ao passo que “Lord”, outro single de avanço, é um pouco mais melancólico, mas também possui um certo feeling épico. 

“Tremolo” certamente será das faixas do álbum que mais reflete o lado mais enigmático da banda, e “Wow” fascina pela maneira como a letra, expressando gosto pela vida, é interpretada da forma mais deadpan possível. Enquanto que “Border Girl” assume-se como uma das faixas mais dançáveis, “Holy Ghost” é outro ponto forte, pela maneira como o grupo dá mais ênfase ao seu lado hip-hop. Depois de um breve interlúdio na forma de “Wire”, “Toy”, outro dos singles de promoção, é uma das faixas mais enérgicas e contagiantes, e “Picking You” fecha então o álbum com uma vivacidade contida.


No geral, este álbum revela que os Young Fathers ainda têm bastantes ideias frescas na calha para desafiar os cânones da pop de maneira peculiar e satisfazer audiências que procuram coisas diferentes, como aqueles que gostam de música com uma certa aura contemplativa, e aqueles que não resistem a um pezinho de dança, ao mesmo tempo que expressam temas sérios como igualdade e aceitação. O único problema maior é que não tem momentos de catchiness imediato, ao modo de canções anteriores do trio como “Get Up”, mas com o mood certo, há uma boa hipótese do ouvinte ser absorvido pelo imaginário sonoro que Cocoa Sugar proporciona.




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