Reportagem: Nadah El Shazly [Understage, Porto]

Reportagem: Nadah El Shazly [Understage, Porto]

| Abril 15, 2018 8:32 pm

Reportagem: Nadah El Shazly [Understage, Porto]

| Abril 15, 2018 8:32 pm



Foi no passado dia 13 de abril que regressamos ao Understage
do
Rivoli para mais um concerto agenciado pela Lovers & Lollypops, desta
feita para a atuação de
Nadah El Shazly. A cantautora egípcia subiu ao norte
depois de se apresentar em Lisboa, na
Zé dos Bois para mostrar o seu primeiro e
mais recente disco,
Ahwar.

Ex-vocalista punk, agora produtora e compositora, Nadah El
Shazly
descobriu o gosto pela música electrónica através de pequenas
experiências produzidas em casa, sempre com o cunho da música tradicional árabe
presente, seja na sua vertente clássica, seja na sua vertente improvisada. Ahwar
(“pântano” em árabe) foi produzido ao longo de dois anos de trabalho com o
guitarrista líbio Sam Shalabi e o egípcio Maurice Louca, membros dos The Dwarfs
of East Agouza
ao lado de Alan Bishop. Editado em novembro de 2017, Ahwar
trouxe uma amálgama interessante de estilos e sonoridades, uma espécie de
híbrido que cruza música tradicional árabe com explorações sónicas que vão do
rock ao jazz, sempre com a electrónica e o avant-garde na sua génese.



Sob uma neblina cerrada de tons azulados,
Nadah apresentou-se sozinha em palco para um apanhado de canções vulneráveis e
harmoniosas. A voz sedutora e frágil de Nadah é profundamente emocional, o
tremer da sua voz cantado na sua língua materna a transmitir uma crueza
visceral que se amplifica quando complementada pelos coros que ouvimos sair
através de samples que vai aplicando ao longo das suas composições.
Em “Koala”, o único tema exclusivamente instrumental de
Ahwar, vemos Nadah percorrer os caminhos de uma electrónica progressiva,
presente numa secção potente de instrumentos de sopro e padrões bem definidos
de guitarra, percursão e sintetizador (este sim tocado ao vivo) a proporcionar
uma viagem cósmica pelo jazz mais frenético.

Antes de finalizar o concerto, a artista egípcia proporcionou ainda um
momento bem humorado e de maior proximidade com o público, relatando-nos o modo
como as companhias aéreas afetam o equipamento dos seus instrumentos,
nomeadamente do seu sintetizador que produzia um ruído constante.
Exótica, arrojada e confiante, Nadah manifestou a sua visão
imprevisível e entusiasmante através de um set curto e conciso sem grandes
explorações e fugas a nível instrumental, mantendo um foco forte na performance
vocal que fez jus ao trabalho de estúdio.




Nadal El Shazly [Understage, Porto]



Texto: Filipe Costa
Fotografia: Eduardo Silva
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