Reportagem: Protomartyr [Musicbox, Lisboa]

Reportagem: Protomartyr [Musicbox, Lisboa]

| Abril 19, 2018 6:12 pm

Reportagem: Protomartyr [Musicbox, Lisboa]

| Abril 19, 2018 6:12 pm

Na passada quinta-feira, 12 de abril, visitámos o Musicbox, Lisboa,  para assistir à atuação dos Protomartyr, dois anos após a passagem pela
edição de 2016 do
NOS Primavera Sound. O quarteto norte-americano de Detroit
visitou o nosso país numa data única inserida na sua tour europeia, trazendo
consigo o aclamado
Relatives In Descent, editado em setembro do ano passado pela
Domino Records.

O relógio marcava 22h45 quando a banda subiu ao palco – Joey
Casey
na voz, Greg Ahee na guitarra, Scott Davidson no baixo e Alex Leonard na
bateria. Perante uma sala esgotada, a eletrizante “My Children” abriu as hostes.
Joey, muito quieto, parecia um contabilista de cerveja na mão (tinha ao seu
lado uma mesinha com 4 médias de Sagres) a declamar estrofes agressivas para o
microfone, muito ao jeito de Mark E. Smith, como se pôde também verificar em “I
Forgive You” de The Agent Intellect (2015).

Muitas vezes comparados com as bandas mais clássicas do post-punk
como os Wire, The Fall e Pere Ubu, os Protomartyr são donos e senhores de uma
sonoridade muito própria, que assenta num rock “passivo-agressivo”, embelezado pelas
estórias ansiosas e zangadas contadas por Joey. “Wait” e “Win, Always” foram
dois temas novos que a banda apresentou nessa noite, sugerindo uma direção mais
agressiva e ruidosa no próximo trabalho.

Com “I Stare at Floors”, de Under Color of Official Right (2014),
surgiram os momentos mais dançáveis do concerto, numa malha à moda dos Bloc Party
(oiçam a guitarra). “Windsor Hum e “Up the Tower” trouxeram-nos de volta os ritmos
mais frenéticos e punk de Relatives In Descent, com principal destaque para a
percussão, e em “Male Plague” ouviu-se o refrão niilista “Everybody knows it’s
gonna kill you some day”. 

Foi com a enérgica “The Devil In His Youth” que o público
se soltou verdadeiramente numa dança desenfreada. Afinal, estamos perante umas
das melhores músicas compostas pela banda. No Passion All Technique (2012), primeiro
álbum dos norte-americanos, não ficou esquecido nesta celebração musical, sendo
interpretado o tema “3 Swallows”.


Até agora o concerto estava a ser bastante agradável e
competente, mas os singles “A Private Understanding” e “Don’t Go To Anacita” elevaram
os padrões de epicidade da atuação. Dotados de uma ligeira sensibilidade pop de
facetas mais sombrias, estes temas cativaram o público a entoar os seus refrões:
“She’s just trying to reach you”. Antes do concerto finalizar, problemas
técnicos no pedal da bateria proporcionaram alguns momentos de humor em que Joey
aproveitou para conversar com o público e apresentar a banda (algo que disse
ter feito pela primeira e última vez). O quarteto terminou o concerto com “Half
Sister”, tema que finaliza
Relatives In Descent.

No meio de várias palmas e assobios, a banda voltou ao palco
para interpretar “two shittiest old songs”. As malhonas “Why Does It Shake”? e “Scum,
Rise!” foram os presentes extra que os Protomartyr decidiram oferecer ao público, prometendo
voltar em breve, quem sabe já para o ano que vem. Foram 75 minutos a ouvir Joey
Casey
contar as suas estórias ao som de um rock bem estruturado e cheio de
identidade.

Ah, as 4 médias Sagres foram todas bebidas.




Setlist:
My Children
I Forgive
You
Corpses In
Regalia
Wait
Win, Always
Windsor Hum
I Stare at Floors
Up the Tower
Male Plague
What the
Wall Said
The Devil
in His Youth
3 Swallows
A Private
Understanding
Here Is The
Thing
Don’t Go To
Anacita
Come
& See
Half Sister

Why Does It
Shake?
Scum, Rise!

Texto: Rui Gameiro
Fotografia: Ana Viotti

FacebookTwitter