Bambara
Shadow On Everything

| Abril 16, 2018 12:31 pm

Shadow On Everything // Wharf Cat Records // abril de 2018
3.5/10

Há bandas que são curiosas e os Bambara tornaram-se uma delas quando, depois de terem editado o segundo disco de estúdio SWARM em formato self-release, anunciaram que o voltariam a reeditar pela consagrada Sacred Bones. Para os entusiastas da área da música, a Sacred Bones é um selo de confiança e por isso, quando em fevereiro, a banda natural da Geórgia atualmente sediada no Reino Unido, anunciou o terceiro disco de estúdio – Shadow On Everything – pela Wharf Cat Records já era de esperar que estava o caldo entornado. Bastou ouvir os primeiros segundos do primeiro tema de avanço “José Tries To Leave” para perceber o que aconteceu. Se ainda não o ouviram carreguem no play e tirem as vossas próprias conclusões. 


Agora vamos voltar atrás no tempo, cerca de cinco anos. Os Bambara estavam a pôr cá para fora DREAMVIOLENCE, o primeiro longa-duração de estúdio que foi o único que mostrou até hoje um caminho em que a banda poderia ter sucedido, o do noise-rock. A banda já mostrava algumas tendências post-punk mas era no noise que este disco viria a ganhar destaque. Um ano mais tarde, em 2014, começámos nós também a assistir a uma revivalismo dos géneros como o post-punk, com bandas como os Holograms (que acabariam por perder a fama nas edições posteriores à estreia) e os Iceage, que até então tinham editado discos dentro da cena punk, e se preparavam para lançar o Plowing Into The Field Of Love, um disco que revolucionaria o mercado da cena. 

Dois anos mais tarde, em 2016, aquela atmosfera noise inicial do disco de estreia dos Bambara, foi substituída pela exploração de sonoridades mais post-punk em SWARM e lá foi reeditado pela Sacred Bones. Apesar de ser o selo de confiança que é, também vemos edições mais fracas e SWARM foi um erro, um disco fraco, como também é este Shadow On Everything. Os Bambara, que no primeiro disco até pareciam uma banda interessante, deixaram-se cair em tentação e decidiram ser a versão nova dos Iceage, como mil e uma bandas de psych-rock fizeram quando os Tame Impala se tornaram o que são hoje. Este Shadow On Everything é uma cópia chapada daquilo que Elias Bender Rønnenfelt e companhia têm lançado no mercado, especialmente neste último Plowing Into The Field Of Love. É impossível ouvir os primeiros temas deste disco sem pensar nos Iceage e isto é o pior erro que uma banda pode cometer porque toda a gente sabe que os primeiros minutos de um álbum são tão importantes como as primeiras impressões de uma pessoa. 

Ouvido na íntegra ainda se percebe que os Bambara tentaram, a sério eles tentaram. Por exemplo se ouvirmos “Night’s Changing” ou “Human Hair” não vem assim à cabeça automaticamente nenhum nome. O problema é só mesmo a cópia de toda a estrutura, guitarras e desenvolvimento que as bandas relevantes utilizam e que é evidente em quase todo o disco. Por exemplo se chegarem ao tema “Wild Fires” de repente já estamos a ouvir o Tim Darcy a cantar e os seus Ought a tocarem. É curioso, não é? É como os Bambara e este medíocre Shadow On Everything.


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