Oiçam: Lascaille’s Shroud

Oiçam: Lascaille’s Shroud

| Julho 28, 2018 12:08 pm

Oiçam: Lascaille’s Shroud

| Julho 28, 2018 12:08 pm
Basear o conceito de um álbum
numa história de ficção científica não é algo revolucionário e mesmo no mundo
do heavy metal existem inúmeros
exemplos notórios, como os Vektor ou
Ayreon. Ainda assim,
a forma como Brett Windnagle o realiza,
através do seu projeto Lascaille’s Shroud, merece ser destacada.

O multi-instrumentista
americano é o cérebro de toda a operação, tratando não só de todos os
instrumentos e trabalho de produção mas também das narrativas abordadas nos seus discos. O
nome do projeto deriva de uma anomalia espacial construída por seres
alienígenas nos livros da saga Revelation
Space
, do autor galês Alastair
Reynolds
, e Brett acaba por se
inspirar não só nestas obras mas também nos videojogos Mass Effect e outros livros, como Ring de Stephen Baxter,
abordando diversas temáticas como nanotecnologia e inteligência alienígena.
Quanto à sonoridade explorada, podemos classificar a música como death metal progressivo e, acima de
tudo, épico, com composições habitualmente longas e repletas de detalhes.

Em 2012 lançou o primeiro EP, Leaving Earth Behind, com 5 faixas e uma duração de 45 minutos, demonstrando de imediato a sua incrível capacidade em criar mundos futuristas. No ano seguinte editou Interval 01: Parallel Infinities – The Inner Universe, o primeiro capítulo de uma história que viria a ser terminada em 2014 com Interval 02: Parallel Infinities – The Abscinded Universe


Ambos os álbuns podem ser uma audição pesada para a maioria dos ouvintes devido à sua extensiva duração (72 e 123 minutos), mas a consistência de cada uma das composições e o facto de nunca deixarem de ser desafiantes e envolventes ajudam a ultrapassar esta barreira. A tensão de cada peça é desenvolvida com um ritmo apropriado e a manipulação da sua dinâmica é outra característica forte de Brett. Os seus vocais ríspidos são ocasionalmente acompanhados por vozes mais melódicas de convidados do músico e, além de todos os riffs e solos presentes em abundância, existem também secções com piano e orquestrações mais clássicas. A produção é outro ponto essencial do projeto, conseguindo criar um ambiente spacey que facilmente nos envolve no universo das suas aventuras através de guitarras consistentes, samples de videojogos e uma clareza vocal inesperada para uma produção “caseira”. Ambos os álbuns podem ser descarregados gratuitamente no Bandcamp do projeto.

Em 2016 foi editado The Roads Leading North, com dois discos,
cerca de 128 minutos de duração e voltando a abordar uma história original de Brett. O músico conseguiu desta
vez editar uma versão física do álbum e produzir algum merchandising a
través de uma campanha de crowdfunding, demonstrando que o projeto tem uma pequena legião de
fãs acérrimos. Este ano promete ser um dos mais produtivos do grupo com o
prometido lançamento do quarto longa-duração, desta vez baseado num livro e composto por
uma única peça de cerca de 40 minutos, mas também com o anúncio de planos para um quinto e sexto álbuns.
FacebookTwitter