Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 11 a 15 de agosto

Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 11 a 15 de agosto

| Agosto 21, 2018 4:50 pm

Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 11 a 15 de agosto

| Agosto 21, 2018 4:50 pm

Na sua 26ª edição, o Vodafone Paredes de Coura regressou para mais uma semana de diversão e música com todo o espírito e ambiente que também rodeou a praia fluvial do Taboão nos últimos anos. Desta vez com apenas um dia esgotado (sábado, dia de Arcade Fire) o festival começou, como já era de esperar, na vila.

De dia 11 a 14 de agosto o festival teve a programação Sobe à Vila, que levou uma grande quantidade de festivaleiros ao centro de Paredes de Coura para assistir a diversos concertos e dj sets, ou apenas para conviver por lá. Do que foi possível assistir destacou-se o concerto de Deixem o Pimba em Paz (com Bruno Nogueira e Manuela Azevedo a tocar músicas pimba com arranjos jazz e pop) e o dj set de Legendary Tigerman, no qual Paulo Furtado tanto passou músicas de Iggy Pop, The B-52’s, Motörhead e Jimi Hendrix como  de Britney Spears e Boogarins. Estes dois na noite de sábado 14 de agosto, um dia após os desinteressantes concerto de Chinaskee & os Camponeses e dj set de Cumbadélica, que tiveram entre si um concerto de The Black Wizards que me deixou curioso, mas desapontado. É uma banda que certamente funciona melhor num contexto diferente.

Linda Martini
Quarta-feira abriu o recinto e começou o festival. Num dia com menos concertos que os seguintes, com o palco secundário a abrir apenas no after, cheguei ao recinto durante a atuação de Marlon Williams, cantautor cuja sonoridade que passa pelo folk e country. Pode não ter conseguido levantar do relvado a maior parte do seu público, mas o autor de “Nobody Gets What They Want Anymore” deu um concerto agradável, apesar de algo banal. Destaco a sua boa voz e performance vocal e o entusiasmo do público em alguns momentos, que deu a entender que os seus maiores fãs presentes ficaram agradados.

Seguiu-se o regresso dos Linda Martini ao festival, desta vez com o disco homónimo lançado este ano. O sucessor do decepcionante Sirumba foi um regresso a uma boa forma por parte do quarteto português, mas esta diferença entre o melhor e o pior que esta banda alcança foi o que prejudicou aquele que foi, no geral, um bom concerto. A banda começou de forma bastante energética com o single “Gravidade”, com o som do baixo a não se ouvir muito bem, devido a um dos vários desequilíbrios de volume que ocorreram ao longo do concerto (e do festival). Pouco depois tocaram a também nova “Boca de Sal”, uma bela malha com riffs muito bons e ritmos e dinâmicas muito interessantes, tal como outros que se ouviram no concerto. A setlist contou também com, entre outras canções, “Panteão”, “Mulher a Dias”, “Putos Bons”, “Amor Combate” e uma “100 Metros Sereia” que soou algo estranha (o público a bater palmas fora de tempo também não ajudou). Um concerto que podia ter sido bem melhor, especialmente se não sofresse pelos já referidos desequilíbrios do som, mas que cativou grande parte do público e teve os seus momentos bem positivos.

King Gizzard & the Lizard Wizard

Foi depois a vez dos King Gizzard & the Lizard Wizard voltarem também a este festival. Podem ser australianos, mas pelas vezes que já os vi ao vivo até parece que são portugueses. A banda lançou só no ano passado 5 álbuns diferentes, todos eles contendo a sua sonoridade característica, mas com algumas variações. Flying Microtonal Banana é marcado pelo uso de instrumentos que tocam microtons, Murder of the Universe é um álbum conceptual com uma história e várias narrações por cima de instrumentais, Sketches of Brunswick East tem um som muito jazzy e Polygondwanaland é bastante marcado por referências de rock progressivo. Estas variações todas da fórmula dos King Gizzard, em conjunto com músicas anteriores, como “Cellophane” e “Robot Stop”, fizeram deste concerto o melhor deste primeiro dia. Uma dose de rock psicadélico e garage rock de qualidade, por vezes ritmicamente complexo, repetitivo e com características de krautrock acompanhado de vídeos muitas vezes retro ou psicadélicos a serem projetados atrás da banda. Houve imenso mosh, mas muito menos pó do que antigamente, pois nesta edição foi finalmente colocado um tapete a ocupar as primeiras filas. Uma mudança simples, mas muito importante.

The Blaze

Para fechar o palco principal o festival apostou na estreia dos franceses The Blaze. Apresentaram-se com um setup em palco original, com ecrãs com vídeos a tapar o duo no início e fim do concerto e com bom uso de luzes. Infelizmente, musicalmente foram bem mais aborrecidos, levando a Coura um house simples e nada memorável, com percussão básica, sintetizadores aborrecidos e vozes alteradas digitalmente.

Logo depois, no palco secundário, o português Conan Osiris, com o seu estilo musical bastante particular, apresentou músicas já conhecidas e outras novas. Em palco, em conjunto com um dançarino, cantou por cima dos seus beats e puxou pelo público. É um artista do qual não sou fã, mas que já foi muito elogiado noutro artigo nosso. Gera opiniões muito variadas e extremas pelos seus ouvintes e só há uma maneira de descobrir se vão gostar ou não dele. Dêem-lhe uma oportunidade e talvez tenham uma experiência mais positiva que a minha. A culpa não é tua, Conan, eu é que sou borrego.

Texto: Rui Santos

Fotografia: Hugo Lima
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