Conhecer os Sweet William 32 anos depois do início

| Novembro 22, 2018 3:42 am

Os Sweet William formaram-se em outubro de 1986 pelo vocalista Oliver Heuer e, quatro anos depois, estavam a lançar cá para fora o seu disco de estreia, These Monologues (1990). Até ao processo de lançamento de um material corpóreo os Sweet William tiveram cerca de quatro anos de ensaios e de improvisações que deram origem aos primeiros temas de carreira, alguns dos quais nunca chegaram a receber uma edição apropriada. Assim, em modo de celebração de 30 anos de carreira, a banda regressou ao estúdio entre 2016 e 2017 para gravar o seu mais recente disco de estúdio – The Early Days 1986 – 1988 que conta com onze temas que marcam o início dos inícios da carreira dos Sweet William na música e que, até então, não tinham sido gravadas em estúdio.

Conhecer os Sweet William 32 anos depois da formação inicial é um trabalho hercúleo, dado que a discografia da banda alemã conta com cerca de 30 edições, com selos de editoras como a Hyperium (Rough Trade) e Dion Fortune (SPV), entre outras. Apesar disso, a banda facilita-nos o trabalho com este The Early Days 1986-1988, uma boa forma de explorar o conceito e as ideias iniciais que levaram a que os Sweet William se conseguissem manter no ativo durante tantos anos, mesmo após o auge e a queda dos cenários do rock gótico, new-wave, post-punk e subgéneros. Agora num novo período de ascensão, a banda alemã mostra a sua sonoridade dos anos 80 através de ritmos melancólicos e de músicas inéditas que até então permaneciam fechadas no passado.



Dos membros da formação inicial, o baterista Marius Nigel era o único que tinha tido formação musical, tanto Oliver Heuer (voz, guitarra) como Bodo Rosner (baixo) foram autodidatas neste processo. As versões demo das músicas de The Early Days 1986 – 1988 certamente que eram bem mais lo-fi, mas para já resta-nos criar a imagética resultante desse som, através da audição deste novo disco. As surpresas começam a aparecer logo em temas como “Another Place”, a trazer à memória diversas bandas de post-punk que marcaram o período da história dos anos 80, e continuam saga fora com “An Impression of Life” – a chamar ao barulho o rock indie dos The Strokes -, “Four Days”, “Coloured Feelings” e “Nailed To The Ground” – a fazer lembrar o experimentalismo de bandas como Bauhaus e The Sound.



Em 32 anos de carreira a sonoridade dos Sweet William foi sofrendo alterações na sua textura e tonalidade. As músicas tornaram-se mais frias, melancólicas, com ritmos menos acelerados, mas ainda assim abertas à luz. O disco de estreia, These Monologues, lançado numa edição bastante limitada em vinil pela Big Noise Rec, foi reeditado um ano mais tarde pela Hyperium, selo através do qual lançariam também Kind Of Strangest Dream (1992) e Development Through The Years (1994), que lhes garantiu várias tours pela Europa. Posteriormente, através da Dion Fortune editam ainda Show (1998) – que recebeu destaque aclamado nos tops da música alternativa alemã – e Dance Classics (1999).

Depois de alguns anos marcados por mudanças de lineup a banda encontra um novo baterista em 2001 e passa por um período de gravação e lançamentos extensivos, através da sua própria editora, a Datakill. Em 2010 os Sweet William juntam-se ao catálogo da editora francesa D-Monic – através da qual têm disponibilizado os seus últimos lançamentos – para editar Brighter Than The Sun um álbum composto por 14 faixas de música eletrónica e rock combinadas com elementos psicadélicos. Em 2012 o baterista da formação original, Marius Nigel, regressa à banda e o resultado surge em 2013 com o disco conceptual Ocean, que na íntegra conduz o ouvinte a águas calmas, águas escuras e todo o cenário de comutação num total de 74 minutos.



Em 2015 os Sweet William tocaram um concerto acústico em Paris que teve um impacto nas novas sonoridades da banda, pelas reações positivas do público. Os alemães começaram assim a explorar e a trabalhar em novos sons acústicos que foram mais tarde editados através do disco Organic Shades (2016). Este trabalho apresenta quatro versões cover, quatro músicas tiradas de álbuns anteriores e uma música nova, todas elas apresentadas em formato acústico. 





No mesmo ano, já no mês de dezembro, a banda edita o bastante aclamado disco de estúdio Time (2016), em celebração dos 30 anos de carreira dos Sweet William. O disco cria uma ponte estética entre a música gótica, psicadélica e rock, apresentando músicas inéditas, além de novos temas que foram gravados entre o período de 2014 a 2016. Este é também o álbum que antecede The Early Days 1986 – 1988, o trabalho que nos levou a querer saber mais sobre os Sweet William, e que apresenta uma vibe completamente diversificada em comparação com os temas de início de carreira. Uma viagem experimental aos campos de bandas como The Doors e The Cure.





Para saberem mais sobre os Sweet William espreitem a página oficial da banda aqui, ou passem pelo Bandcamp da banda e/ou da D-Monic.

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