Cabo da Boa Esperança dos Galo Cant’Às Duas chega às lojas dia 18 de Janeiro

| Janeiro 14, 2019 8:50 pm
A pergunta que introduz o primeiro álbum de Galo Cant’Às Duas acaba por definir o tom do que vamos ouvir: “serei eu cantor?”. Prontamente respondem “serei”, e ainda bem. Seguindo o EP Os Anjos Também Cantam, o grupo originário de Viseu, numa abordagem mais directa, sabem agora melhor que histórias têm para contar. De uma banda que aparece de uma frutuosa jam session, este disco revela, talvez paradoxalmente, exploração e direcção. Ao mesmo tempo, há a intenção de conhecer novos timbres e possibilidades dentro da sonoridade com que se identificam, mas também uma vontade de estabelecer uma rota. De se definirem como indefiníveis.

Anteriormente, a guitarra e o baixo – processados por efeitos que cristalizam o espaço sonoro da banda – uniam esforços com a sincopada e frenética bateria. Desta vez, a guitarra ficou em casa.  Além da maior presença da voz, a electrónica dos sintetizadores acompanha os ritmos de Galo, que partem da bateria e de loops de percussão criados pela banda. Neste processo, dá-se um maior ímpeto a este som etéreo e voador. Aqui, os galos também voam. 

Para uma banda que pensava muito no universo, agora reflecte muito em qual é o seu – e o nosso – lugar no mesmo. Dizem-se alinhados com os astros. No meio de tanto foco e reflexão, o grupo concebeu um trabalho coeso, mesmo que explore sem medos e aponte para diferentes ritmos e sons.

A banda, que é composta por Hugo Cardoso e Gonçalo Alegre percorre através da repetição e memória de ritmos, melodias ou frases a acústica do Carmo’81, entre o post-rock, o indie e a electrónica, acompanhados pelos ouvidos, mãos e ideias de Nuxo Espinheira, rodearam-se de apoios e espaços que incentivam as artes de todas as vertentes.

Entre o onírico e o espiritual surge a emocionante e aterradora conquista de “Sobre Um Tanto Medo”. Um single dividido por duas melodias e por dois espíritos: da ânsia de descobrir, ao medo de ser descoberto. Um tema onde a exploração de um beat constante acabou por ditar o desenrolar da narrativa. Frases melódicas surgem e desvanecem com a intenção de criar também toda uma dinâmica à volta desta sonoridade.

Para o respectivo vídeo, interessou a ideia de filmar o lugar onde realizaram a capa do disco. Naturalmente sem acompanhar a cadência da música quiseram provocar a dúvida da sua real existência. De um não-lugar, de um universo que é nosso ou criado por nós. Sentiram assim a necessidade de imortalizar/revitalizar aquele lugar que o vídeo vai mostrando e dando vida.

O longa-duração, editado em nome próprio no dia 18 de Janeiro, afirma que os galos cantam, sim. Mas dançam, gritam, saltam e, pelo caminho, também descobrem outros poisos. 

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