Sensible Soccers
Aurora

| Março 18, 2019 8:03 pm

Aurora | edição de autor | março de 2019
8.8/10

Sensible Soccers, dois mil e dezanove, março. Decorem bem o que está escrito atrás. Foram precisos três meses para sair ao mundo uma Aurora, composto pelo trio de ataque André Simão, Hugo Gomes e Manuel Justo, produzido pelo treinador mastermind B FachadaAs contratações do ano que decorre mostram-nos ao longo de 40 minutos como se joga bom futebol, com garra e amor à camisola, utilizando a gíria futebolística. 

“Como Quem Pinta”, assim começa de forma acutilante, com este som que nos perpassa os ouvidos, levando-nos a um pensamento onírico, quase criado como uma montanha russa, com descidas e subidas de ritmos ao longo da composição. Após esta, deparamo-nos com “Elias Katana”, um tango moderno entre o krautrock mais sentido, através das flautas transversais e ritmos a lembrar Kraftwerk em Ruckzuck, e o lado mais agitado, o do techno mais arrojado e portentoso, com batidas fortes e palpitantes até ao fim desta dança de 7 minutos.


Em seguida, “Chavitas”, a entrada num cenário de descoberta, não o tempo dos Descobrimentos (também poderia ser), mas de uma descoberta que alterou a nossa mente até hoje, a da informática, tecnologias informáticas. Dançável do início ao fim, característica desta Aurora que os Sensible Soccers nos quiseram oferecer. 

Mais tarde, à medida que avançamos com faixas como “Fenómeno de Refração”, “Import Export” e “Bicho de Soto” relembramos o disco Mr.Wollogallu de Nuno Canavarro e Carlos Maria Trindade, onde estas sonoridades estão também plasmadas. Quase 30 anos depois do disco supracitado surge-nos Aurora, como um vinho encorpado, servido pelos Sensible Soccers.


Há que destacar também para “Luziamar”, um possível hit de verão de sunsets em Ibiza, e “Um Casal Amigo”, faixa mais introspectiva de Aurora, fechada em si mesmo, dotada de uma genialidade como se pertencesse a banda sonora de O Último Imperador de Bertolucci. “Farra Lenta”, a segunda faixa de Aurora é também ela digna de banda sonora, graças ao tom de suspense e adrenalina que nos desperta. 

É uma savana sonora onde os Sensible Soccers jogam de forma livre, “sem pressão de enfrentar o adversário”, um retiro para lendas do futebol. Conseguiram-no.



Texto por: Duarte Fortuna
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