WEARETHESHADOW – “Disappearing into autumn’s clear breadths”

WEARETHESHADOW – “Disappearing into autumn’s clear breadths”

| Dezembro 5, 2019 2:24 am

WEARETHESHADOW – “Disappearing into autumn’s clear breadths”

| Dezembro 5, 2019 2:24 am

Noites Urbanas (23 de novembro) no Barracuda (Clube de Roque) foram marcadas pelas sonoridades atmosféricas, densas e envolventes dos IAMTHESHADOW, uma das poucas bandas que em “Portugal mantém ativa a cultura darkwave underground”.


Este Projeto, criado em 2015 por Pedro Code (voz, synths e guitarra) ao qual se juntou, em 2016, Vitor J. Moreira (synths) e Rui Geada – Herr G (baixo e guitarra), é fortemente inspirado pelas sonoridades profundas e penetrantes dos anos 80. Como os próprios o descrevem, o seu trabalho assume-se como “um romance sombrio, onde a melodia e as palavras tocam profundamente, perpetuando o desejo que transpõe e supera, sem medo”.

Foi com alguma expectativa e curiosidade que entrámos no Barracuda, espaço alternativo e acolhedor, um dos poucos clubes de rock do Porto (e muito provavelmente do país, o que nos leva a pensar que são “uma espécie em vias de extinção”). A escolha do local pareceu-nos perfeita, já que o Clube se situa numa das ruas que ladeia a Estação de São Bento, considerada uma das zonas mais underground da cidade. O interior em formato de “túnel”, com teto baixo, causou-me alguma apreensão claustrofóbica, sentimento que se foi desvanecendo ao ver-me rodeada por rostos sorridentes, muitos deles bem familiares, desaparecendo, por completo, com a entrada em palco dos IAMTHESHADOW.

Ao longo de mais de uma hora a banda proporcionou-nos uma ambiência melódica consolidada numa eletrónica bem vincada, com intensos laivos de darkwave, revisitando temas dos seus três álbuns: Everything in This is Nothing (2016), All our Demons (2017) e Embracing the Fall (2018).

Foi com uma música do último álbum, “feito para vangloriar a beleza do outono e abraçar a chegada dos meses mais frios do ano”, que deram início ao espectáculo, ouvindo-se “Into Your Eyes”. Prosseguem com “Ashes”, “This Violence”, “Draw A Line” (que é acompanhada pelos presentes, a convite de Pedro, com palmas ritmadas), “All I know”, seguida da mais introspetiva “Fall A Part” e “Everything In This Is Nothingness”.

Tivemos ainda direito a “A View From a Hill” (tocada ao vivo pela primeira vez), cover dos The Chameleons que integra “A Tribute To The Chameleons: Soul In Isolation” (label Z22), “There Is Nothing More To See” (recebida por fortes aplausos), enganosamente, porque faltavam ainda “Flowers Come Winter” e a derradeira “Embracing The Fall”


Ao longo de todo o concerto foi visível a cumplicidade em placo, entre os três músicos, e a empatia com a audiência num ambiente familiar. Nesta noite os IAMTHESHADOW presentearam-nos com “melodias altamente cativantes e bonitas, pintadas num cenário tipicamente negro, onde a dança” foi também “palavra de ordem”. O serão continuou, animado pela dupla de DJ’s Hollow (Manuel Santos) & Thormentor (Armando Marques).

Aguardemos agora o já anunciado novo álbum, Pithblack (label Cold Transmission), para continuarmos a “Sonhar, ouvir e sentir” como o fizeram de forma sublime, numa noite onde todos se reuniram, para pintar a tela We Are The Shadow!


Texto: Armandina Heleno
Fotografias e Vídeos: Virgílio Santos
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