The Artist Is Irrelevant apresenta álbum de estreia e ainda não sabemos quem é

| Janeiro 24, 2020 12:00 am

Quem é The Artist Is Irrelevant
Não sei, mas isso também pouco parece importar.

Sei que lançou hoje (24 de janeiro) o seu álbum de estreia homónimo com o apoio da GDA, o qual conta com 8 temas produzidos, misturados e masterizados por Noiserv no seu novo estúdio A Loja, que contribuiu também com a sua voz vocoderizada no tema “Gizmo”.

Este projeto “desconhecido” nasceu da ideia de que qualquer música – ou qualquer peça de arte, num sentido mais lato – é um recipiente vazio até ao momento em que chega aos ouvidos e ao coração de alguém. Só no momento em que alguém a ouve e projeta nela as suas alegrias e tristezas, sucessos e frustrações é que ganha verdadeiramente forma e sentido. A partir daí deixa de pertencer ao seu autor e passa a ser parte integrante da vida e das recordações daquela pessoa, naquele momento no tempo. É por isso que quando ouvimos uma música que nos tenha acompanhado numa fase importante da vida, somos imediatamente transportados para esse momento no tempo. Nesse sentido, o artista é irrelevante bem como qualquer explicação acerca da sua criação: em última análise, só interessa a relação emocional que o ouvinte criará – ou não – com as canções.



O álbum de estreia The artist is irrelevant explora este conceito e corta por completo as amarras ao seu autor, deixando inteiramente nas mãos dos ouvintes criarem as suas próprias interpretações. Ao mesmo tempo, é também um teste ao valor da música por si só e uma rejeição do culto do “eu” e da imagem, que tem dominado por completo o panorama cultural e social nas últimas décadas.

O tema “Play that Sulky Music, White Boy” é o mais recente single do artista “sem nome” e brinca com a ideia de que mesmo a música mais soturna também pode ser dançável e viciante, algo que espelha bem os diferentes ambientes ao longo deste tema que começa negro e misterioso e acaba numa poderosa explosão. O tributo aos sons que marcaram a década de 80 é claro e assumido, não só nesta faixa mas também ao longo de todo o álbum, onde foram utilizadas caixas de ritmo clássicas ao lado de samplers e hardware moderno baseado na linguagem de programação Pure Data.

O enigmático vídeo que apresenta o single dá forma às várias camadas do tema que aos poucos, e ao ritmo de um compasso crescente, revela o que sempre esteve na alma e no foco da música.



Concertos ao vivo não irão acontecer para preservar o anonimato do autor de The Artist is Irrelevant e manter fiel o conceito do projeto, que privilegia a relação que cada ouvinte quiser criar (ou não) com a música, sem que a identidade, história ou contextualizações do autor interfiram neste processo.

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