“24 Hour Party People” – RIDE From Lisbon to Porto

“24 Hour Party People” – RIDE From Lisbon to Porto

| Fevereiro 18, 2020 5:58 pm

“24 Hour Party People” – RIDE From Lisbon to Porto

| Fevereiro 18, 2020 5:58 pm


Os RIDE, banda seminal do movimento shoegaze que marcou o rock britânico no início dos anos 90, passaram pelo nosso país para dois concertos, dia 10 no LAV e dia 11 no Hard Club, ficando as honras de abertura a cargo dos londrinos Crushed Beaks.

Na bagagem trouxeram-nos o novo álbum This Is Not A Safe Place (2019), de onde ecoaram 11 músicas (de um total de 19) não deixando, no entanto, de reconciliar habilmente o presente com o passado, tocando temas intemporais de dois discos essenciais desse movimento como Nowhere (1990) e Going Blank Again (1992).

Para quem assistiu aos concertos dos seus congéneres Slowdive, ambicionava a chegada do quarteto de Oxford formado, em 1988, por Mark Gardener (guitarra e voz), Andy Bell (guitarra), Laurence “Loz” Colbert (bateria) e Steve Queralt (baixo), ficando agora à espera de encerrar a trilogia com My Bloody Valentine, aproveitando assim para lançarmos o repto à At The Rollercoaster que nos habituou a boa música.


Depois de um longo hiato de tempo, os RIDE voltaram à cena musical em 2014, com digressões e uma infinidade de elogios por parte da critica. Em 2017, editam Weather Diaries que começa a dissipar as nuvens de shoegaze, dando lugar a distorções suaves, belas harmonias, ritmos fortes e paisagens sonoras cintilantes. Tudo isto se consolidaria, dois anos depois, num álbum de alcance ambicioso, atemporal e completamente viciante: This Is Not a Safe Place. Este projeto marca o som de uma banda rejuvenescida, capaz de elevar canções acima da massa sónica, onde guitarras cristalinas e erupções arrebatadoras dialogam com cumplicidade e respeito. Os RIDE estenderam assim o tapete musical à mistura de sonoridades que nos remetem para um noisy dream com muito power.


Os concertos de Lisboa e Porto seguiram o mesmo percurso sonoro, inaugurado por “Jump Jet”, seguido de “Future Love” para fazerem depois uma incursão até 1992 com “Leave Them All Behind”. “Fifteen Minutes”, brilhantemente interpretada pela voz de Andy Bell, que não sendo o frontman da banda tocou e cantou temas icónicos. No Porto, trocaram “Dial up” por “The Sun Behind The Shadows”. Destaque ainda para a devastadora “End Game”, “OX4”, “Dreams Burn Down”, “Polar Bear” ou “Vapour Trail”.




Num início um pouco tímido, o público vai ganhando entusiasmo à medida que o concerto vai crescendo, sobretudo, quando foram tocadas faixas do primeiro disco, mais para o final da noite. “In This Room” e “Seagull”, já no encore, mostraram-nos porque é que os RIDE continuam a ser bombásticos, quer tocando temas mais recentes, dos últimos álbuns, quer os temas clássicos e arrebatadores dos dois primeiros álbuns.


Crushed Beaks foram, para muitos, uma agradável surpresa e um excelente mote para o enorme concerto dos RIDE. A voz de Matthew Poile faz lembrar o timbre do Damon Albarn (vocalista dos Blur), mas a ecoarem sonoridades que trouxeram à memória o brit pop, finalizando com um excelente tema, “Feelers”.

Ainda uma referência para o a luzes da sala, tanto no Porto como em Lisboa, que em “feixes” coloridos contribuíram para criar ambiente de um grande espectáculo, inicialmente em velocidade cruzeiro, mas que foi um crescendo até ao final.

“Excelente noite a somar, no Palco dos Sonhos!


Texto: Armandina Heleno


Fotografia e vídeo | LAV |: Virgílio Santos
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