Bruno Pernadas e Moullinex reinterpretaram Plantasia em Espinho

Bruno Pernadas e Moullinex reinterpretaram Plantasia em Espinho

| Março 10, 2020 3:25 pm

Bruno Pernadas e Moullinex reinterpretaram Plantasia em Espinho

| Março 10, 2020 3:25 pm
Dia 6 de março, no Auditório de Espinho, Bruno
Pernadas
(teclados), Moullinex (teclados e baixo), Diogo Sousa
(bateria), Guilherme Salgueiro (teclados) e Diogo Duque (trompete, flauta e
teclado) reinterpretaram Plantasia, álbum lançado por Mort Garson
em 1976. Uma série de plantas rodeavam os instrumentos no palco, algumas delas
levadas por membros do público, e sons tropicais preenchiam a sala.

Plantasia foi composto por Mort Garson num
sintetizador Moog. O compositor escrevia canções e fazia arranjos para artistas
pop, rock e soul como Doris Day, Glen Campbell e Isaac Hayes, mas
a sua carreira mudou de rumo quando descobriu este novo instrumento. Foi um
pioneiro da música eletrónica e terminou a década de 60 a compor um álbum para
cada um dos signos do zodíaco. Foi só anos depois que surgiu a sua obra mais marcante,
Plantasia, um álbum feito para plantas e os seus donos. O seu lançamento
foi limitado, sendo apenas incluído na compra de uma planta na loja Mother
Earth, em Los Angeles, ou na aquisição de um colchão num outro local. No
entanto, é agora um disco de culto que foi marcando cada vez mais ouvintes ao
longo do tempo. Este impacto a longo prazo deu origem a uma reedição pela Sacred
Bones
e reflete-se também no nosso país, com esta série de concertos iniciada
o ano passado.

Logo após subir ao palco, a banda abriu o espetáculo com a
faixa-título do álbum. A tracklist original foi cumprida, mas o que
ouvimos foi uma versão renovada das músicas originais. Logo à partida se notou
uma grande diferença: a inclusão de uma bateria, algo que não acontece no álbum
de ’76. Os sintetizadores estiveram próximos dos timbres originais, mas os
sopros foram mais uma adição genial que acrescentou, por exemplo, um lado mais
sentimental a “Concerto for Philodendron and Pothos”, com a trompete, e uma
atmosfera exótica a “Symphony for a Spider Plant”, pela flauta. Esta
reinterpretação dos temas foi mais groovy, mais longa e mais jazzy,
abrindo espaço para diversos solos. “Swingin’ Spathiphyllums” foi transformada
num jazz tropical solarengo, enquanto que “Ode to an African Violet”
teve direito a uma versão dançável que podia entrar num álbum de synth pop dos
anos 80.

O Plantasia de Bruno Pernadas e Moullinex
é alegre, divertido e aconchegante. Uma expansão das músicas originais que
nunca lhes retira o espírito e a magia que já possuíam. Foi muito bom
presenciar uma homenagem tão bonita num concerto tão único. Uma reinterpretação
deslumbrante de um álbum intemporal.


Texto: Rui Santos
Fotografias cedidas pelo Auditório de Espinho | Academia
FacebookTwitter