7 ao mês com Dada Garbeck

| Abril 15, 2020 12:00 am

O pianista e compositor vimaranense Rui Souza editou no passado mês de março sob o alter ego de Dada Garbeck a segunda parte da tetralogia The Ever Coming, coletânea  onde a música serve como ponto de reflexão sobre a teoria do eterno retorno e a dimensão não linear do tempo. Vox Humana reúne sete temas sintéticos embebidos em sonoridades minimais e neoclássicas, num registo em que a voz e o cariz tradicional das canções ganham uma nova importância.

Retomando a importância do número sete, Dada Garbeck aceitou o convite de participar na edição de abril do 7 ao mês e apresentou sugestões que não influenciaram a criação quer de Dada Garbeck, quer deste novo disco, sendo apenas um conjunto de canções que ouve e que, inevitavelmente o influenciaram enquanto músico e, em essência final, enquanto pessoa.


Ravi Shankar feat Philip Glass – Offering

Este tema é-me muito querido na medida em que trabalha a música circular, própria aliás, do grande compositor Philip Glass. A combinação de cordas e sopros é absolutamente bela. Em certa medida, quase que estamos a ouvir sintetizadores rotundos, numa sopa toda ela orgánica.





José Cid – 10 000 anos depois entre Venus e Marte 

Uma obra prima em que a palavra é pequena para poder descrever. Para mim, uma obra única na música mundial. Todo o trabalho de teclados, de vozes, assim como todo o argumento, fazem deste projeto um disco com conceito e pensamento – coisa raras nos dias que correm. Para além de ser um trabalho musical de um outro planeta (passo a expressão), é também uma obra com pensamento sem ser pretensioso. As raridades fascinam-me.





Tigran Hamasyan – Shadow Theater

Talvez o músico por excelência deste século. Escolhi este disco, que é mais pesado que os restantes, mas poderia ter escolhido qualquer outro. Um pianista soberbo mas mais do que isso, um compositor planetário. É-me sempre difícil falar de uma coisa cujas palavras não chegam. Mas posso dizer que ouço regularmente este mestre. Para além disso ele junta as linguagens e escalas do seu país, e faz o seu próprio jazz.





Manuel Molina

Orgulhosamente cigano, não precisa de muito dinheiro para viver porque felizmente gosta de pão e gosta de manteiga. A relação dele com a poesia, a guitarra e o flamenco são uma lição de vida para todos nós. Posso dizer também que actualmente o tipo de música que mais ouço e exploro, é a música cigana – flamenco.





Estrella Morente

Mais uma artista do flamenco que me faz arrepiar de amor. Não há muito a dizer. É um vício ouvir esta mulher.





Nick Cave and The Bad Seeds – No More Shall We Part

O mestre das canções.
A voz.
O gajo.





Maria João

A Maria João tem das melhores vozes do panorama mundial. Isto nem sou eu que digo. Quem anda no meio, sobretudo do jazz, do free ou da música contemporânea, conhece a grande Maria João. Agrada-me sobretudo o lado dela mais experimental, as abordagens que ela faz quer da linguagem quer da pré linguagem.





Vox Humana foi editado a 27 de março com o selo da também vimaranense Discos de Platão e está disponível para audição no Bandcamp do artista.

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