Grutera em entrevista: “Os temas soavam-me sempre a memórias”

Grutera em entrevista: “Os temas soavam-me sempre a memórias”

| Novembro 3, 2020 3:05 am

Grutera em entrevista: “Os temas soavam-me sempre a memórias”

| Novembro 3, 2020 3:05 am
© Sérgio Santos

O guitarrista Guilherme Efe é quem dá vida a Grutera, projeto que tem alimentado o melhor da música instrumental portuguesa. O primeiro trabalho, Palavras Gastas, chegou em 2012, o mesmo ano em que o artista se viu representado na compilação dos Novos Talentos FNAC. Seguiram-se O Passado Volta Sempre, gravado no Mosteiro de Cós em 2013, e Sur Lie, álbum gravado em 2015 na Herdade do Esporão. Só passado cinco anos surgiu um novo registo intitulado Aconteceu, com data de edição prevista para maio, mas devido ao contexto atual em que nos encontramos Grutera adiou o seu lançamento para 11 de setembro. 

Aliado ao facto de a música ser essencialmente uma forma de expressão ao vivo, Grutera pôde assim mostrar Aconteceu no último mês de Setembro, tendo passado por Pombal, pelas Clav Live Session, em Guimarães e pela Casa de Cultura, em Setúbal.

Este disco, que já de si era bastante pessoal, retratando memórias e pessoas que são queridas ao artista, intensificou ainda mais os seus sentimentos saudosistas face a todo este distanciamento.

A conversa completa com Grutera pode ser lida em baixo.


Aconteceu é o teu quarto disco de estúdio e surge cinco anos após Sur Lie. Porquê este longo hiato nas edições e nos palcos quando os teus primeiros três discos foram gravados num intervalo de 3 anos?

Grutera – Tive de escolher entre compor e tocar ao vivo, visto que comecei a trabalhar e a tirar uma pós graduação e estava a ser muito complicado conciliar tudo.

O lançamento do disco estava previsto para maio, mas devido ao contexto pandémico em que nos encontramos, este teve de ser adiado para setembro. Custou-te muito tomar esta decisão e sentes que foi o mais correto a fazer?

Grutera – Não, foi o mais correto, tínhamos esperança que conseguíssemos fazer alguns concertos de apresentação e felizmente tem sido.

Aconteceu soa a um disco veranil, como a capa e a sonoridade parecem assinalar, e ao mesmo tempo um disco de carga emocional mais densa e de coleção de memórias. De onde surgiu a inspiração e como funcionou o processo de composição?

Grutera – Fui compondo ao longo destes anos e por isso quando ia ouvindo os temas soavam-me sempre a memórias. Eu também gosto muito de fotografia analógica e de recordar momentos. Por isso foi imediato para mim fazer a ligação, a música para mim também pode ser como a fotografia – cápsulas do tempo.

Houve alguma música que tenhas tido maior dificuldade em compor ou gravar?

Grutera – Não, foi tudo muito tranquilo – apenas a “Braga de Marilu” precisou de mais uns takes devido aos loops.

Podes-nos contar qual é a tua primeira memória de música?

Grutera – É ser ainda muito puto e ter de ir para as aulas de música na escola contrariado – era a minha pior disciplina.

Atuaste recentemente em Pombal e tens agora mais duas atuações agendadas para o mês de setembro. Sentes que as energias e as sensações provenientes das tuas atuações podem ser semelhantes às experienciadas no passado, mesmo tendo em conta as restrições impostas?

Grutera – Sim, acho que está lá tudo. Talvez em concertos mas expansivos não se consiga, mas como o que eu faço é muito intimista, acho que é fazível.

Além da guitarra, que outros elementos sonoros levas para o palco?

Grutera – Apenas a guitarra e um punhado de pedais.

Sentes que este ano tiveste oportunidade de ouvir mais música? Houve algum disco que tenha marcado particularmente, além de Aconteceu? 

Grutera – Tenho ouvido bastante música, acho que a discografia que ouvi mais foi de Rhye.

Como é que te ocupaste na quarentena? Dirias que o confinamento foi produtivo?

Grutera – A aprender muitas coisas que nunca tinha tempo para aprender, mas nada relacionado com música de facto.


Aconteceu está dispónivel para escuta integral no Bandcamp do artista.

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