sábado, 5 de dezembro de 2020
Emma Acs volta a brilhar com novo tema de Natal "Without You (Christmas in East Hollywood)"
STREAM: The Golden Age Of Steam - Tomato Brain
Após os aclamados discos Raspberry Tongue (Babel, 2009) e Welcome To Bat Country (Basho, 2012), The Golden Age Of Steam estão de regresso com uma nova edição oito anos depois. Liderados por James Allsopp, saxofonista e compositor bastante premiado que integra a formação de diversos grupos, como o coletivo que domina o ruído Sly & The Family Drone e o trio vanguardista Snack Family, os The Golden Age Of Steam apresentaram ontem o seu terceiro registo de estúdio, Tomato Brain.
Tomato Brain representa uma mudança radical na direção do conjunto. Composto por uma peça principal de 31 minutos divida em 6 movimentos distintos, o disco foi gravado ao vivo em apenas um take, contando com o contributo de virtuosos músicos britânicos, onde se inserem Kit Downes nos teclados, artista que faz parte da família ECM e já esteve nomeado aos Mercury Prize, Ruth Goller (Melt Yourself A) no baixo, o produtor Alex Bonney (Leverton Fox) na componente eletrónica e o premiado prodígio da bateria, Tim Giles. Allsopp é o elemento que une as sonoridades e estabelece apenas o esboço mais básico de uma composição em que a música assume a sua própria forma, ambiente, cor e direção em tempo real.
Em Tomato Brain, o ouvinte percorre espaços bem particulares como laboratórios sonoros fantasmagóricos, oficinas radiofónias abandonadas, galerias de arte dos anos 70, viagem essa marcada por sinais eletrónicos que muito se assemelham aos bips do código Morse que abrem o álbum Sextant (1973) de Herbie Hancock. Em suma, este novo trabalho dos The Golden Age Of Steam assume-se como uma experiência etérea que vagueia pelos meandros do jazz vanguardista de tonalidades excêntricas.
Tomato Brain foi editado em formato CD e digital com o selo da Limited Noise. A capa do disco ficou a cargo de Callum Buckland. Podem ouvi-lo na íntegra em baixo.
STREAM: Johnny Labelle - XVIII
STREAM: Sierrα - All About Love
Flying Moon in Space detonam o seu álbum de estreia
Os Flying Moon in Space, originários da cidade de Leipzig, na Alemanha, são a nova aquisição da editora britânica Fuzz Club, tendo lançado ontem o seu álbum homónimo de estreia por via da mesma. O grupo, constuído por sete membros, é conhecido pelas suas improvisações ao vivo que duram por horas, sendo este álbum um resumo de 45 minutos disso mesmo.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
"Sorrindo Pra Saudade" é a apresentação de Leo Middea ao público português
"Amanhã" é o novo avanço ao próximo álbum de CAIO
É palpável a busca pela emancipação em "Amanhã", uma procura incessante de respostas, num pedido de ajuda para que a lição seja aprendida. A moral da história? Percebemos que este apressar nunca irá cessar a inquietação dos jovens corações.
Neste próximo álbum, CAIO traz-nos folk, expõe-nos à sua sensibilidade e faz canções para sonhar. O respetivo lançamento está marcado para o primeiro semestre de 2021, esperemos que o mundo não acabe até lá...
Soho Rezanejad edita novo álbum, Perform And Surrender
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@Dalin Waldo |
Perform And Surrender é o mais recente álbum de Soho Rezanejad. Lançado esta sexta-feira pela sua Silicone Records, o LP de oito faixa da artista multidicipinar novaiorquina é construído a partir de uma série de espetáculos apresentados entre 2018 e 2019, combinando registos de performances ao vivo com gravações a partir de estúdio.
“Em cada performance escrevi pequenas partituras, partes da direção do palco ou fantasmas semi-iluminados para ativar o cenário. As performances tornaram-se especiais para cada espaço, cada um contribuindo como um fragmento para o todo do disco ”, explica Rezanejad, acrescentando que o álbum foi escrito durante um período de luto e grande tristeza.
“Perdi alguém muito querido para mim na época. Todas as coisas, especialmente o ato de rendição, pareciam um testemunho de vida ou de morte. A linguagem da natureza, especialmente entre o outono e a primavera, desempenhou um papel importante no título e direção do álbum.”.
Perform And Surrender sucede o anterior Honesty Without Compassion is Brutality, magnífica obra de pop ambiental dividida em dois tomos – o último lançado no início de 2020 e revisto pela nossa redação –, e encontra-se disponível para escuta e compra no Bandcamp da Silicone Records.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
Mazarin celebram a entrada na Monster Jinx com o lançamento de “Interlúdio”
Constituído pelos temas “Vasenol” e “Batata Palha”, este single apresenta-se como uma coexistência pacífica entre o jazz, hip-hop e até mesmo 8-bit, capturando uma vibração noturna e mostrando uns Mazarin que, segundo o comunicado de imprensa, está “em permanente busca de um som próprio que não finja sotaques de Chicago ou de Londres, mas que ostente orgulhosamente o travo do Sul de onde chegaram”.
O disco foi gravado por Nuno Rua e alunos da Escola Tecnologias Inovação e Criação em Lisboa, contando também com a mistura de Pedro Ferreira e masterização de Fábio Jevelim.
Este é o primeiro lançamento do quarteto desde o EP homónimo, lançado em 2018, que lhes valeu passagens por festivais e eventos como a FNAC Live, Vodafone Paredes de Coura ou Zigur Fest, tal como uma residência de vários meses no Clube Ferroviário e uma menção na lista das 20 revelações nacionais de 2018 aqui, na Threshold Magazine. Interlúdio é também marcado como o primeiro trabalho de estúdio do grupo após a saída de Afonso Serro, agora membro dos Yakuza.
O projeto pode ser ouvido na íntegra abaixo:
"HR Sequence" é o primeiro avanço do novo álbum de Dust Devices
Mera Transmission regressa para a sua segunda edição
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
Silente em entrevista: "Foi tudo muito natural, demorou o tempo que tinha que demorar"
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© Nuno Mendes |
Silente é o novo projeto de Miguel Dias, compositor que deu vida a Rose Blanket entre 2003 e 2011. Em Silente, junta-se à instrumentação de Miguel os vocais de Filipa Caetano, artista com quem já tinha colaborado em Rose Blanket, e as letras do escritor/poeta Frederico Pedreira.
O disco de estreia homónimo de Silente resultou de uma paciente maturação que se estendeu pelo período 2015-2019, durante o qual o gosto pela experimentação contribuiu para alongar, sem pressas, todo o processo criativo que aborda realidades sonhadoras e líricas.
Numa conversa em formato eletrónico, falámos com Miguel Dias sobre a origem do projeto Silente, as suas motivações e inspirações, o processo de composição que culminou no disco de estreia, entre outros assuntos. Fiquem com a entrevista completa em baixo
Pode-nos contar a história por detrás deste projeto? Porquê a escolha do nome Silente?
Silente - Em 2011 foi editado aquele que foi o último disco do meu projecto anterior, Rose Blanket, e na altura em que estava a concluir esse trabalho, já sentia que esse capítulo estava a ser encerrado. Queria fazer algo diferente do que tinha feito até então mas também de uma outra forma.
Tinha a certeza, por exemplo, que já não queria o inglês nas letras e depois também queria partir para um núcleo duro de participações, em vez do extenso rol de participações que caracterizava Rose Blanket. Um momento determinante terá sido quando foram concretizadas as colaborações do Frederico Pedreira e da Filipa Caetano. Nessa altura, por exemplo, ficou de parte a hipótese, que andei a equacionar, de ser um disco totalmente instrumental.
O que não estava previsto era eu também fazer a gravação, produção e mistura do disco, mas foi algo que a partir de certo momento fiquei com a ideia que só poderia ser feito por mim.
Quanto ao nome Silente, gosto muito da sua sonoridade e do seu significado e quando me ocorreu esta palavra, a decisão foi imediata, porque acho que encaixa na perfeição na forma como este trabalho foi feito e também no que julgo ser o contexto ideal para se ouvir estas músicas.
Silente soa a um disco introspetivo, minimal, de forte carga emocional e bastante equilibrado. De onde surgiu a inspiração e quais as suas referências?
Silente - Desde já ficaria contente se este disco fosse caracterizado como o é feito na pergunta.
É sempre difícil para mim falar de uma inspiração e identificá-la, já que para mim o processo de composição e construção musical é em grande parte instintivo e emocional. Ainda assim acho que este disco poderá reflectir o contexto de algum isolamento em que na grande maioria do tempo foi feito. Com a excepção da Filipa, que foi a única pessoa que acompanhou este trabalho do princípio ao fim e a quem recorri para algumas opiniões e sugestões, assumi um processo, sempre arriscado, de me abstrair de toda a forma de “ruído” exterior. E este isolamento criativo foi o que definiu, bem ou mal, este disco.
Mas claro que não deixam de estar presentes todas as minhas referências e influências, que resultam de tanto tempo despendido a ouvir música. Por exemplo, não consigo deixar de nomear os Velvet Underground, porque tinham a capacidade de transitarem com naturalidade entre a pura doçura e furiosas explosões sonoras, de passarem de melodias grandiosas para momentos de pura abstração, e isto tanto de tema para tema, como dentro de um mesmo tema. Tudo resumido numa palavra: Dinâmica. Não consigo ouvir música que não tenha, de alguma forma, oscilações de intensidade e acho que também tento colocar isso naquilo que faço.
Há alguma temática que se possa associar ao disco?
Silente - Pelo menos de forma racional e pensada, julgo que não. Como disse, os temas deste disco nasceram de forma instintiva e depois foram sendo contruídos e trabalhados com base na experimentação. O resultado será a tentativa de reivindicação de um universo musical próprio.
Silente foi gravado calmamente entre 2015 e 2019. Como funcionou o processo de composição que contou com a participação vocal de Filipa Caetano e as letras de Frederico Pedreira?
Silente - Sim, foi algo que foi feito sem pressas e sem prazos definidos e teve fases distintas. Mas a verdade é que agora olho para trás e nem parece que foi tanto tempo. Foi tudo muito natural, demorou o tempo que tinha que demorar.
Mas não foi um processo linear, sofreu muitas alterações. Por exemplo, na fase inicial gravei uma quantidade enorme de possíveis temas ou de simples ideias, sendo que em grande parte foram abandonados, ou porque em alguns casos ainda me pareciam Rose Blanket, noutros porque não tive capacidade de dar seguimento à ideia base, ou ainda em alguns casos porque simplesmente não resultaram.
Houve momentos importantes para definir este disco. Primeiro foram as gravações em Figueiró dos Vinhos na casa do Miguel Ângelo, em 2017, em que foram gravadas quase todas as baterias e percussões e em que ainda houve espaço para experiências como a utilização de máquinas de oficina de joalharia no tema "Vale Caspo" ou da tabla no tema "Ninguém Tem De Saber". Quase na mesma altura o Miguel Ramos enviou-me os baixos para três temas e o Miguel Gomes enviou-me a gravação de 2 guitarras adicionais. Com estas duas participações, os temas ganharam corpo e comecei a ver a “luz no fundo do túnel”, pois até aí ainda estava tudo muito indefinido.
O outro momento determinante é quando realizo que alguns dos temas têm mesmo que ser cantados e consigo a colaboração do Frederico Pedreira, amigo de longa data (fez parte da formação de Rose Blanket no 1º disco), para as letras desses temas. Ao mesmo tempo convenci a Filipa a voltar a trabalhar comigo, ela que já tinha cantado alguns temas no último disco de Rose Blanket. A parte das letras e vozes foi sem dúvida a parte mais difícil, pois nunca tinha trabalhado com o “português” e estava rotinado com o “inglês”. As letras iniciais tiveram que em muitos casos ser ajustadas, tivemos que fazer muitas demos em alguns desses temas até encontrar a solução final.
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Capa de Silente |
Porquê a decisão de lançar o disco numa edição física limitada sem recorrer aos espaços de venda habituais?
Silente - Deve-se à conjugação de factores distintos. Por um lado, a percepção de que actualmente vendem-se poucos CDs, sendo as plataformas digitais o veículo mais utilizado pela maior parte das pessoas para ouvir novas propostas musicais, o que até não é o meu caso, pois sempre que gosto de um disco, sinto necessidade de ter o objecto. Por outro lado, o facto de não haver concertos de apresentação inviabiliza a venda de discos nesse contexto. Por fim, também foi pesado o factor económico, não sendo possível mais do que uma edição física limitada. Pelo que foi dada primazia à distribuição digital, estando o disco disponível em todas as plataformas habituais e ainda no site de Silente no bandcamp.
De qualquer forma, também não me revejo nos actuais espaços de grande distribuição. Mas gostava bastante que o disco estivesse disponível em espaços de menor dimensão e mais especializados, sendo que admito que tenho negligenciado esta possibilidade, também por condicionantes de tempo disponível, mas é algo que ainda vou tentar concretizar.
Silente não vai ser apresentado ao vivo, também muito por culpa do contexto em que neste momento nos encontramos. Essa vontade será algo a ser repensada no futuro?
Silente - Bem, na verdade essa é uma decisão já tomada antes deste contexto que atravessamos. Aliás, já por altura do último disco de Rose Blanket, decidi que muito provavelmente não o voltaria a fazer. Tenho noção do impacto negativo desta opção na promoção deste projecto, mas a realidade é que deixei de ter motivação para fazer concertos e decidi assumir que o que me move é o gosto pela construção, exploração e experimentação. É isso que me dá prazer e os concertos nunca foram um espaço de conforto e prazer para mim, o que acho que se deve a não conviver bem com a repetição, mas também a outros factores como, por exemplo, não me sentir particularmente bem em redor de muita gente.
A segunda e última parte de Silente encontra-se já a ser preparada. Levará o mesmo tempo que a primeira ou sente que há já muito material que não se adequou e que agora se enquadra melhor na mensagem que quer passar?
Silente - Sim, é verdade que já tenho um conjunto de temas para integrarem a 2ª parte, que será a última de Silente. Mas não espero serem precisos os 5 anos que esta primeira parte demorou a ser feita, mas também nunca será algo apressado. São temas que tenho andado a trabalhar desde que foi concluído este 1º disco e será sempre numa linha de continuidade em relação à primeira parte, mas tentando explorar novas sonoridades, mais uma vez com recurso a muita experimentação.
Silente saiu no passado dia 6 de novembro, em formato físico e digital, numa edição com cunho do autor. Podem escutar o disco homónimo na íntegra em baixo.
Sun Blossoms partilha novo single, "Being Kind"
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Abul Mogard, ou quando a lenda se confunde com a realidade
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É um dos maiores enigmas da música sintetizada de hoje e atua no próximo dia 4 de dezembro no gnration, em Braga. Abul Mogard, músico-compositor sérvio, regressa a Portugal depois de uma última atuação na Sé de Viseu, em 2018, aquando da oitava edição dos Jardins Efémeros.
Nasceu em Belgrado e passou grande parte da sua vida a trabalhar numa fábrica metalúrgica. A falta dos barulhos e do ritmo dos sons que marcavam o seu dia-a-dia laboral levaram-no a experimentar os timbres e as texturas da maquinaria eletrónica, trocando as ferramentas por sintetizadores, sequenciadores e caixas de som – ou assim reza a lenda. Os rumores sobre a sua verdadeira identidade são vários e abundantes, mas o consenso subjacente nas esferas da música eletrónica indica que Mogard é, na verdade, o resultado de um fascinante alter-ego.
Indiscutível é a qualidade da sua magnífica discografia. Lançou vários trabalhos de longa e curta duração, sendo Above All Dreams, lançado em 2018 pela inglesa Ecstatic, a sua obra mais aclamada. Desde então, editou um álbum de remisturas pela Houndstooth, retrabalhando temas de Aïsha Devi, Penelope Trappes e Nick Nicely, e compôs a banda-sonora para a curta-metragem experimental Kimberlin, do cineasta Duncan Whitley.
Até ao final do ano, o gnration recebe a quinta edição da mostra de música eletrónica e arte digital OCUPA, que contará com concertos, instalações, conversas e ainda a apresentação pública do Clube de Inverno, que este ano terá o músico Paulo Furtado (The Legendary Tigerman) e o cineasta Rodrigo Areias como coordenadores das sessões de exploração e improvisação.
Os bilhetes para o concerto de Abul Mogard custam 7 euros e podem ser adquiridos em bol.pt, balcão gnration e locais habituais.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Cinco Discos, Cinco Críticas #63