WolfX em entrevista:”Este disco é o descobrir da minha voz e da minha escrita”

WolfX em entrevista:”Este disco é o descobrir da minha voz e da minha escrita”

| Março 25, 2021 1:43 pm

WolfX em entrevista:”Este disco é o descobrir da minha voz e da minha escrita”

| Março 25, 2021 1:43 pm

O seu nome é David Wolf. WolfX é o seu novo alter-ego, aliando-se ao já conhecido When The Angels Breathe, os dois projetos a solo do músico, produtor (e também realizador) que integrou bandas como os Uni_Form e She Pleasures HerSelf

Num ano em que as restrições pandémicas obrigam a um confinamento mundial, esta é também uma altura em que os artistas se recolhem para o interior da arte que lhes toca e expelem, num ato único e criador, o que lhes vai na alma. 

Estivemos à conversa com WolfX, falámos do seu novo disco e dos singles que o antecipam. De Kafka, Orson Welles, Poe, Shakespeare, entre outros estímulos pessoais, circulámos à volta da memória que nos dá o que ler de seguida neste presente.


Qual o primeiro som que te lembras de escutar, que idade tinhas, onde estavas e o que fazias nessa altura?

David Wolf (DW) – O primeiro som que me lembro de ouvir e de cantarolar, tinha três anos de idade e foi o “Um Café E Um Bagaço” do Rui Veloso. Depois lembro-me que tive meses e meses a cantarolar esse som numa guitarra de plástico que os meus pais me tinham oferecido (existem fotos dessa altura). Nada óbvia a resposta, eu sei (risos).

Nessa altura, já sabias o que querias ser quando fosses grande?

DW – Queria ser médico-cirurgião. E músico, cantor. O médico-cirurgião ficou para trás.

Ficou o Músico e o Cantor (leia-se e diga-se com letra grande), a música também é cura, concordas?

DW – Sim concordo, mas agora dava jeito ser médico-cirurgião, acho que saía a ganhar e sempre via sangue todos os dias (risos).



Nesta altura, em plena pandemia, demasiado “sangue” derramado numa terceira guerra mundial contra um inimigo invisível, até que ponto interfere na música que fazes hoje?

DW – Interfere em tudo. As músicas deste disco são um retrato do sofrimento que estamos a viver, de nos sentirmos bloqueados, manipulados por uma força superior a nós, das vivências que tenho tanto psicológicas, como física, é um espelho da minha alma nesta fase este disco.

Uma libertação, portanto.

DW – É tudo isso e muito mais. Este disco é o descobrir da minha voz, da minha escrita. É ter encontrado finalmente o caminho da minha libertação psicológica e intelectual. Através da música consigo expandir todos os sentimentos, bons e maus, que passam pela minha mente, sem ter ninguém a censurá-los, nem ter que me redimir em nada. É uma descoberta do meu próprio ser. É uma viagem pelo meu intelecto desde que me conheci como pensador até à atualidade.

Assim se expande a arte.

DW – Aqui neste disco exponho também as minhas grandes referências literárias tais como o Edgar Allan Poe, William Shakespeare, Kafka, Nietzsche, George Orwell. Claro que tudo de um ponto de vista diferente. 

Consideras ser o teu próprio influenciador com aliados de peso que também deixaram a sua marca no mundo, teu, nosso, concordas?

DW – A literatura influencia muito a minha escrita, mas o cinema acho que ainda influencia mais. Desde sempre que crio paisagens sonoras para histórias que idealizo, desde que comecei o meu outro alter-ego When The Angels Breathe, e claro que estes filósofos /escritores me influenciaram muito, tal como o Fernando Pessoa. Claro que não são só estas as minhas inspirações, as pessoas também me influenciam – as relações amorosas, – nesta fase deu para refletir muito sobre a minha existência e isso está retratado neste disco.

Este teu novo disco, vais avisar-nos quando sair, certo? Até lá, onde podemos encontrar-te para te escutarmos melhor?

DW – Sim, vou avisar claro. Mas a ideia deste disco é ir lançando singles. Até ao lançamento vamos ter um vídeo para cada tema, o lançamento do disco é o culminar dos singles todos.

Fala-nos de “Traffic”, o teu primeiro single neste projecto.

DW – “Traffic” retrata uma situação muito triste e pouco falada nos dias de hoje. Fala sobre tráfico humano. Pessoas que são roubadas e exploradas para todo o tipo de experiência maléficas. Tais como são retratadas no mítico filme de Eli Roth, Hostel – “They Cry, They Scream and Beg for Salvation”.

Conta-nos sobre o teu segundo single “Zombies”.

DW – O segundo single, “Zombies”, retrata uma sociedade oprimida e manipulada pelos media e o início de um grande pesadelo que foi o aparecimento de um vírus desconhecido que mais tarde se transformou no famoso coronavírus. É um grito de socorro e de esperança ao mesmo tempo. Uma dicotomia dos tempos de hoje.

E sobre “Wish”?

DW – “Wish” porque é o desejo de uma vida normal como a que tínhamos antigamente, o desejo de voltar aos concertos e de sentir o palco nos pés novamente e o som das palmas nos ouvidos.

Para a concretização de Wish, WolfX tem um contrato de dez anos com uma editora que é, para ele, uma grande influência e referência desde a infância: a Cleopatra Records, editora de Los Angeles, que inclui no seu no seu catálogo musical nomes como Gary Numan, Ministry, The New Order, Motorhead, The Damned, Soft Cell e muitas outras bandas .A obra completa de WolfX está disponível no seu bandcamp e pode ser acedida aqui.


Entrevista por: Lucinda Sebastião

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