7 ao mês com Vasco Completo

7 ao mês com Vasco Completo

| Julho 17, 2021 9:35 pm

7 ao mês com Vasco Completo

| Julho 17, 2021 9:35 pm

O convidado do 7 ao mês de julho é Vasco Completo, músico e produtor da Monster Jinx, uma das mais reputadas editoras nacionais quando a temática envolve misturar eletrónica e hip hop de uma forma inigualável.

O seu álbum de estreia, Wormhole, saiu em abril deste ano e define-se da seguinte forma: eletrónica, que deve tanto a Burial ou Jon Hopkins como a Bonobo ou Croatian Amor, camadas de retalhos de sintetizadores, guitarras, drums e samples vocais que não se sobrecarregam; é mais uma questão de envolvência e de harmonia. E, por isso mesmo, nada parece estar a mais mesmo quando o caos chega a primeiro plano. Recentemente lançou ainda um remix de “35mm”, que conta com a participação de João Tamura e J-K.

Aproveitando o lançamento do seu disco e o facto de ter realizado um ano na Monster Jinx no mês passado, Vasco Completo fala um pouco sobre as suas escolhas para esta rubrica: “Não quis repetir-me e falar das minhas grandes influências ou fazer uma lista de discos favoritos. Já fiz muitos tops na minha cabeça e acho que não seria tão interessante partilhá-los neste registo. Se quiserem falar sobre os vossos discos favoritos, liguem-me que terei todo o gosto em falar disso. Estas são algumas escolhas, entre álbuns, singles e EPs que me marcaram nestes últimos meses, ou dos quais tive muita pena de não ter conseguido comprar”.

Frank Ocean – Chanel

É uma escolha um bocado parva, porque já é de 2017 e quem me conhece já não pode ouvir-me falar deste homem, mas é das músicas a que mais regresso. À noite ou ao pôr-do-sol ainda sabe melhor, mas quando oiço tento atentar a todos os pormenores da voz dele, a forma como ele as dobra no arranjo. Dava vontade de ser uma mosca por um dia, a passear pelo estúdio no dia em que gravou “Chanel”.

Rose – The Early Dove

Disco incrível que descobri um pouco naquele digging de Bandcamp a ver capas bonitas no meio de música electrónica. Texturas e harmonias sedosas, reverbs vertiginosos. Receita para o desastre. A “Zinc” é doutro mundo, com aqueles reverses e pads mais sonhadores… imperdível.

Croatian Amor & Scandinavian Star – Spring Snow

Tudo aquilo em que Croatian Amor toca, transforma-se em ouro. Raramente não é um disco do caraças. No entanto, o anterior com Scandinavian Star tinha apenas algumas faixas muito boas. Este EP é fortíssimo em toda a sua composição e produção. Não há fillers, só um excelente duo a navegar entre electrónica mais espacial e música ambient muito melódica. Doutro mundo.

Andrea – Sktch

Implosão electronica requintada, entre o house, o IDM e o breakbeat. Illian Tape é sempre bom, mas este disco é tão subvalorizado quanto se pode ser. Beats potentes e sonoridades urbanas. Não podia pedir nada mais.

Outkast – ATliens

Há dois momentos que causaram esta conexão com Outkast em 2021: em 2020, ter visto as séries documentais ‘The Last Dance’ sobre os Chicago Bulls e o Michael Jordan e ‘Hip Hop Evolution’. Na primeira aparece a “Rosa Parks”. Na segunda há um episódio dedicado a Georgia. Foi particularmente importante esta segunda, porque eu cheguei tarde ao hip hop na minha vida. Foi muito enriquecedor conhecer mais sobre as fundações de um género que oiço tanto. Finalmente Outkast entrou-me e em especial o “ATliens”. Que disco…

NO FUTURE – GARDENYA

Dos temas que mais ouvi em 2021. O nosso raver da Monster Jinx. É rave de cave ou de quarto, com headphones muito altos. Aquela textura inicial deu-me logo aquele sentimento típico de “quem me dera ter feito parte da produção disto de alguma maneira”. Um pouco como o que sinto com a “Chanel”. Há poucas coisas tão bonitas como um club emotivo sob luzes azuis. Ou vá… roxas.

João Tamura x Beiro – Medeia

Todo o disco merece atenção, no entanto, para lá da fantástica “Efeito Borboleta”, “Medeia” destaca-se de uma maneira incrível. É hip hop contemporâneo bem produzido, mas com uma melodia de comer e chorar por mais. Na escrita de alguém como o Tamura, fica tudo mais rico e emocionante. Um dos melhores temas do ano, acredito.

Wormhole encontra-se disponível no Bandcamp e restantes plataformas digitais. Aproveitem também para seguir o Vasco nas suas redes sociais (Bandcamp, Facebook, Instagram).

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