sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Blanck Mass regressa com In Ferneaux
"Almost A Mother" é o segundo avanço do novo EP de Bernardo

Novo disco dos Glaare chega em abril
pä estreiam-se pela Combustão Lenta com La Demeure Phréatique
Depois de um ano marcado pelas restrições impostas pela pandemia, a Combustão Lenta arranca 2021 com o lançamento de La Demeure Phréatique, o mais recente trabalho da dupla de Paulo da Fonseca e Filipa Campos, que responde pelo nome pä.
"Ao longo de seis meses", explica a dupla em comunicado, "gravámos, com recurso a microfones de contacto, uma bomba de água composta por seis tubos que emanam de um motor central. Cada um destes tubos emite uma frequência e um timbre específicos, e respectivas séries harmónicas em transições cíclicas irregulares".
A peça resultante – mais montagem que mistura – foca-se na "definição progressiva de natureza tonal de cada um dos componentes" e no "esbatimento espectral da função diatónica do acorde", aproximando a vibração do aparato à de um registo "que evoca o som reverberado de um aerofone".
La Demeure Phréatique sucede o anterior Melpoménē, editado de forma independente em janeiro deste ano, e assinala a estreia dos pä pela Combustão Lenta. Gravado e misturado pela dupla entre os meses de junho e novembro de 2020, em Lagoa de Óbidos, La Demeure Phréatique encontra-se disponível no Bandcamp em formato físico, limitado a 25 cópias em CD-R, e digital. A capa é de Filipa Campos e a fotografia recebe a assinatura de Gualdino Crisóstomo.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
A Criatura cria uma viagem ultra eclética em 'Bem Bonda'
Fat Possum reedita quatro primeiros álbuns de Spiritualized
A banda britânica Spiritualized, mais propriamente Jason Pierce, vai reeditar os seus primeiros 4 registos discográficos via Fat Possum, inseridos no denominado The Spacemen Reissue Program. Esta instalação artística, curada pelo próprio J. Spacemen, promete lançar as edições definitivas de Lazer Guided Melodies (1992), Pure Phase (1995), Ladies And Gentleman We Are Floating In Space (1997) e Let It Come Down (2001), remasterizados pela Alchemy Mastering para dar o espectro auditivo completo às gravações originais e dar o tratamento físico que mereciam desde 1992.
A primeira fase deste programa irá já arrancar no dia 23 de abril, com o lançamento da edição definitiva de Lazer Guided Melodies, o álbum de estreia de Spiritualized cujo processo criativo começou logo após o fim dos Spacemen 3. Acerca desta transição de projetos, Jason Pierce disse: "Olhando agora para o último álbum, sinto que ficou aquém das expectativas para mim. Quando eu o volto a ouvir parece que alguém está a tentar encontrar o seu caminho. Existiam bastantes ideias mas não havia hipótese de as colocar todas num espaço que as fizesse funcionar. Então, houve uma enorme liberdade depois do último álbum de Spacemen 3, e quando formei Spiritualized pensei 'OK é tudo teu. Força'...".
Lazer Guided Melodies vai ser reeditado em vinil duplo preto e em vinil duplo branco de edição limitada, com a arte retrabalhada por Mark Farrow. Merchandise relacionada com os designs originais do disco vai estar disponível no próprio site da banda por tempo limitado (disponível aqui).
Marva Von Theo apresentam uma nova dose de synth pop com Afterglow
Formado em 2017 por Marva Voulgari e Theo Foinidis, o duo Marva Von Theo tem desenvolvido e apresentado um synth pop dançável e sombrio. A banda editou o seu álbum de estreia, Dream Within a Dream, em 2018, de forma independente. Em 2019, o disco teve direito a um lançamento em vinil via Shadows of Sound/Wave Records.
Amanhã, dia 26 de fevereiro, editam o seu segundo álbum, Afterglow, pela mesma editora. Enquanto este não fica disponível na sua totalidade, podem ser ouvidos os quatro singles divulgados previamente, "Love", "Forever", "Ruins" e "Embrace this Madness". O disco estará disponível para streaming e encomenda em CD ou vinil no seguinte Bandcamp:
"Running Wild Again" é o novo single de Meta

Nick Cave edita novo álbum, Carnage, de surpesa
Já chegou às platafromas digitais Carnage, o novo álbum de Nick Cave. Gravado durante o confinamento com o parceiro de longa data Warren Ellis, o LP de oito canções é o primeiro álbum de estúdio da dupla australiana, depois de anos a compôr bandas-sonoras para filmes de Andrew Dominik ou John Hillcoat. A edição física, em CD e vinil, está agendada para sair no dia 28 de maio.
De acordo com Nick Cave, Carnage é um disco "brutal mas muito belo, cravado numa catástrofe coletiva". Warren Ellis, que também desempenha funções nos Bad Seeds, acrescenta que o álbum não foi planeado e que a sua gravação obedeceu a um processo de "intensa criatividade".
O álbum foi gravado durante semanas no estúdio Soundtree, em Londres, e conta com a participação de um quarteto de cordas em “Shattered Ground”, e um coro de cinco cantores nos restantes temas. Thomas Wydler, baterista de longa data dos Bad Seeds, assina créditos em "Old Time", enquanto Luis Almau, que gravou o disco, tocou bateria e guitarra em "White Elephant".
O último álbum de Nick Cave & the Bad Seeds, Ghosteen, foi lançado em 2019. No ano passado, durante o primeiro confinamento, Cave transmitiu um concerto intimista para voz e piano. A performance foi registada no filme-concerto Idiot Prayer: Nick Cave Alone at Alexandra Palace.
A eletrónica ainda mais obscura e densa do novo disco de Kara Konchar
Kara Konchar está de volta com um novo longa-duração. O projeto liderado por Miguel Béco de Almeida, produtor portuense que antigamente respondia sob o alter ego de ATILA, apresenta agora Goth Partisan como o sucessor do frenético Dungeon Rave (Capital Decay, 2019). Neste novo trabalho o artista reúne sete temas que se canalizam “algures no cruzamento entre a música industrial e de pista”.
O lado imersivo das paisagens sonoras do registo anterior dá lugar a “composições movimentadas, mecânicas e soturnas”, que se estendem desde o dub infernal ao breakbeat marcial, atuando particularmente no domínio do transe e do visceral, um pouco ao jeito da sonoridade pós-industrial de Prurient. As batidas rítmicas e dilacerantes presentes em Goth Partisan são acompanhadas por vozes voláteis, e por uma constante batalha entre texturas sintéticas, obscuras e alucinantes.
Goth Partisan foi hoje (24 de fevereiro) editado nos formatos CD e digital pelo selo lisboeta Rotten \ Fresh. O artwork e design gráfico é da responsabilidade de Filipa Pinto Machado e do próprio Miguel Béco de Almeida. Aproveitem para escutar o disco na íntegra em baixo.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Sacred Bones edita álbum perdido de Alan Vega
“Em todas as suas expressões artísticas, Alan tinha a capacidade única de extrair uma mistura eclética de referências culturais e transformá-las de cabeça para baixo”, disse Lamere em comunicado. “Se lhe pedíssemos para nos dar uma citação sobre ‘Nike Soldier’, ele diria “faça-o apenas.”.
Alan Vega nasceu em Nova Iorque a 23 de junho de 1938. Iconoclasta por natureza, Vega foi cantor, compositor e agente provocador do duo synth-punk Suicide, que formou com Martin Rev em 1970. Morreu a 16 de julho de 2016, ano em que editou o seu último álbum a solo, it.
Satomimagae estreia-se pela RVNG Intl. em abril
Hanazono vai levar a artista japonesa Satomimagae ao catálogo da americana RVNG Intl. pela primeira vez. O álbum, lançado juntamente com a Gurugurubrain, está agendado para sair no próximo dia 23 de abril e traz uma mistura de folk, eletrónica e práticas vocais distribuídas ao longo de 13 faixas. O seu primeiro avanço, "Numa", já se encontra disponível nas várias plataformas de streaming.
Com base em Kanagawa, no Japão, Satomimagae escreve deliciosos tratados em homenagem ao misticismo quotidiano da natureza. Cada uma das canções que compõem Hanazono, o seu quarto longa-duração de carreira, é dedicada a um tema, objeto ou imagem diferentes, a partir dos quais elabora melodias descomplicadas feitas de textura, gravações de natureza e passagens ocasionais de guitarra elétrica, cortesia do engenheiro de som Hideki Urawa (Kikagaku Moyo, Boris) que também se encarregou da mistura de Hanazono.
A acompanhar o anúncio do álbum, disponível para compra antecipada no Bandcamp, está a estreia do vídeo que acompanha "Numa", que recebe a assinatura de Soh Ideuchi. Confiram-no em baixo.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
Chinaskee em entrevista: "Fico um bocado apaixonado por todo esse feeling à volta dos concertos de rock"
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© Diana Matias |
Miguel Gomes (Miguel) - A minha mãe conta-me que eu quando tinha para aí 3 ou 4 anos, tocava bateria com panelas e colheres de pau. E também há outra estória que era eu cantar os toques de telemóvel, quando começaram a aparecer os primeiros telemóveis. O meu pai também sempre ouviu muita música que eu acho boa, e influenciou-me muito com Talking Heads e com John Cale... Bastantes cenas das prateleiras intermináveis de CDs que ele tem, nas viagens de carro. Sempre estive muito próximo [do rock]. Quando estava para aí no segundo ou terceiro ano já ouvia Metallica e Rammstein (risos), e outras cenas do género. A relação com o rock em si foi bastante cedo, diria.
Tens lançado vários EPs nos últimos anos, mas o teu último longa-duração já data de 2017. Há alguma razão para esta demora entre edições?
Miguel - Sim. Principalmente porque tudo o que eu lanço, esses EPs como estás a falar, são assim ideias que eu vou tendo e nunca é a ideia mestre. É sempre "Epá, gostava de fazer um disco sobre isto" ou "Gostava de fazer um disco à volta disto". E então normalmente isso são mais ideias, mimos e brincadeiras. Aquele disco das Janeiras são músicas todas que já existiam.
E aquele "NOVA(rock)" também?
Miguel - O NOVA(pop) é o disco do Miguel Ângelo, em que ele convidou a mim, ao Sambado, à Surma e aos D'Alva, para produzirmos umas músicas dele. O disco acabou por ser um disco de participações, assim bastante moderno. E eu gostei tanto de uma das músicas que fiz com ele... Gostei das duas não é? Mas uma delas achamos que era fixe tocar "versão Chinaskee", "versão distorção". Então regravamos a "NOVA" chamando-lhe "NOVA(rock)", que também tem a participação do Miguel Ângelo a cantar e está disponível no vinil dele do NOVA(pop), para quem quiser comprar.
A Revolve está contigo desde o Trocadinhos ao Pôr-do-Mi...
Miguel - A Revolve está comigo desde o Malmequeres, o Trocadinhos ainda foi pela French Sisters, mas depois quando entrei para a Revolve eles fizeram a distribuição dos Trocadinhos. Eu estive a falar sobre isto com eles no outro dia, e não é uma edição, é uma distribuição. Mas sim, entrou no catálogo deles.
E como surgiu essa relação com eles?
Miguel - Quando fizemos o Malmequeres, estávamos um bocado à procura de alguém que soubesse promover o disco um bocado melhor do que estávamos a fazer antes. Porque até certo ponto... foi fixe sermos nós a faze-lo até à altura, mas a partir do momento em que investimos dinheiro, tempo e recursos em fazer um projeto mais bem pensado, achámos também que fazia sentido termos pessoas que estão mais dentro do meio, a ajudar-nos a promover. A Revolve chegou-se à frente, disse que gostou muito do disco, e foi assim mais ou menos que começou a parceria.
A tua banda mudou bastante ao longo dos anos, como chegaste até à formação actual?
Miguel - O meu baterista é o único membro original. A primeira formação de todas era só baixo do David Simões (Trovador Falcão), eu a tocar guitarra e a cantar, e o Ricardo Oliveira a tocar bateria. Fizemos dois ensaios assim, mais nada. Depois entrou o Tojo (Luís Catorze/SunKing) a tocar teclados, e levámos essa formação ainda a uns quantos concertos. Chegámos a adicionar um guitarrista que saiu logo depois para entrar o Bernardo Ramos, e o Bernardo ficou agora também nesta nova formação. Entretanto entrou o saxofonista, o Rodrigo Racoon, para o Metro e Meio. Foi ele que nos acompanhou nos últimos concertos de Chinaskee e os Camponeses, em Paredes de Coura e nas Damas, e tudo mais. Quando me fartei de fazer o psicadélico, o Rodrigo, o David e o Tojo saíram da banda para me dar um bocado de espaço, para me focar nas guitarras. Fiquei eu e o Bernardo a tocar guitarra, o Ricardo a tocar bateria e entrou a Inês Matos, a guitarrista de Primeira Dama, a tocar baixo. Estas formações todas vêm sempre principalmente da vontade de fazer uma coisa diferente do que estava a fazer antes, por isso também me faz sentido às vezes ter pessoas diferentes a trabalhar comigo.
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© Diana Matias |
A tua sonoridade passou por várias fases, evoluindo do psicadelismo de Malmequeres para o rock mais musculado de Bochechas. Estas mudanças têm a ver com o teu crescimento como pessoa, com a vontade de fazer coisas novas, ou simplesmente aconteceu?
Miguel - Acho que é uma mistura deles os 3, mas principalmente por ter tocado em Paredes de Coura e, por exemplo, no ZigurFest, em que o público está mesmo mas mesmo a vibrar com as músicas de rock e a dançar... Eu fico um bocado apaixonado por todo esse feeling à volta dos concertos de rock, e foi um bocado essa a razão de eu ter a vontade de fazer um disco mais puxado, mais rock. Mas também tem a ver com a mão da produção do Filipe Sambado, com as pessoas que me tenho rodeado, da música que eu tenho ouvido... É tudo uma mistela que me fez um bocado evoluir, não só como músico, mas como pessoa e como ouvinte de música também.
O próprio Filipe Sambado produziu o teu álbum de 2017, tal como este novo. Como defines a tua relação com ele?
Miguel - Defino a minha relação com ele como se fosse pai e filho. Ele hoje mandou uma mensagem a dizer, e passo a citar, "Bom dia de lançamento, aproveita o êxtase mas não confundas esta felicidade com a verdadeira felicidade. Beijinhos do papi".
Muito paternal, a dar esses conselhos.
Miguel - (risos) Exacto.
A quebra na agressividade do álbum com a música "Bochechas", daquela maneira melancólica e suave, é propositada?
Miguel - Eu fui buscar as ideias para o álbum muito aos discos que eu acho fixes dos anos 90. Pixies, My Bloody Valentine, Nirvana... E nesses discos há sempre um sitio para respirar, por muito pesados que eles sejam. A música ("Bochechas") apesar de parecer muito fofinha, para mim tem um sentimento bastante pesado também, mas para mim é pesado de uma maneira diferente. Então pronto, achei que era fixe haver pelo menos um momento para respirar no disco inteiro, que é composto por 8 músicas de headbanging, uma ainda meio psicadélica via Malmequeres, e esta a balada rock. Achámos que era importante ter um momento para respirar. A banda toda achava que era fixe ser a última música do disco, tal como a "Malmequeres" é a música final do Malmequeres, também é a balada... Eles achavam que era fixe, mas eu não queria que o disco acabasse mole, eu queria que o disco acabasse mais duro ainda. Até houve uma altura em que achávamos que a "Mais Atenção" ia acabar o disco, porque é a música mais pesada acho eu.
Como funciona o processo criativo de um disco quando estamos a viver em pandemia?
Miguel - A cena é que o processo criativo deste disco durou cerca de 3 anos, foi logo depois do Metro e Meio que eu comecei a escrever as primeiras coisas. E se formos bem a ver, até podemos dizer que o processo criativo começou antes do Malmequeres, porque a "Mais Atenção" é a "Vegan Song", a segunda demo que eu lancei em 2015 para aí, por isso 6 anos depois vá. Acho que em termos de pandemia, o que se deu no processo criativo foi mais o tempo que eu não tinha tido até lá para estar sozinho a pensar só nas músicas. Eu estava habituado a trabalhar sempre com alguém, e isto foi um passo um bocado diferente, um passo de reflexão sobre o que eu quero falar, e sobre como eu quero apresentar estes temas. O primeiro confinamento ajudou-me um bocado a focar as minhas ideias e encontrar as músicas finais que iam entrar no disco.
Esse processo todo neste último ano ajudou-te a gerir a tua saúde mental nestes tempos?
Miguel - Sim. Agora até me apetece fazer outro disco só por estar outra vez confinado, porque foi uma ótima escapatória conseguir continuar a trabalhar em casa, que é um sitio que já não trabalhava há muito tempo. Estava a ir diariamente para o meu estúdio, diariamente a ensaiar, tanto para ver músicas novas como para arranjar as músicas antigas para formato mais rock. Tendo essa quebra de workflow, de trabalho diário, foi um bocado difícil. Mas depois comecei de novo a pegar na guitarra só por gosto e a brincar um bocado, o que me levou a ir buscar ideias que me ajudaram a completar o disco. Foi um bocado isso, e ajudou-me a não pensar tanto em coisas más no primeiro confinamento.
O teu disco conta com várias colaborações, como Vaiapraia, Primeira Dama, Filipe Sambado e Bia Maria. Como surgiram elas?
Miguel - Estas colaborações são principalmente a vontade de partilhar a minha música com amigos. Mesmo sendo um disco a solo, eu diria, é um disco de banda na mesma. Há um bocado esse principio também, que é um disco de banda porque tenho os meus amigos a tocar comigo, mas continuam a ser as minhas canções, que podem ser só tocadas à guitarra e voz. E há medida que fomos escrevendo e fazendo os arranjos para o disco, percebemos que aqui falta uma voz feminina, aqui falta o Ró (Vaiapraia) a gritar... Então decidimos perguntar mesmo às pessoas "Olha, queres colaborar comigo nisto?". Eles não colaboraram a escrever, é mesmo só a participação deles assinada mais por amor do que por qualquer outra coisa.
Pensas investir na tua carreira de streamer?
Miguel - Foi a melhor maneira que eu arranjei de ter uma interação com as pessoas que gostam de mim, em termos de música. Porque visto que não há concertos, e visto que não há a possibilidade de estar com o público ou com amigos a tocar, a ver ou a ouvir, decidi começar a interagir com a malta da única maneira que é possível agora. Acho que é mais fixe do que um live no Instagram, porque toda a gente faz isso. Acho que é mais fixe também dar um bocado também um insight para a minha vida, porque eu desde sempre gostei de Pokémon, por isso comecei a fazer aquelas streams de Pokémon só porque sim. A malta tem aderido e é fixe, se quiserem podem-me seguir em twitch.tv/chinaskeept.
Obrigado Miguel, tens mais alguma coisa a acrescentar?
Miguel - É agradecer toda à malta que tem vindo a trabalhar comigo nos últimos anos. Miguel Ângelo, à Revolve, a Rafaela Ribas, agora a HAUS, Filipe Sambado, Primeira Dama, a minha banda, Luís Catorze... Não preciso de dizer os nomes todos, mas estas pessoas têm estado comigo há muito tempo e sempre me apoiaram um bocado com tudo, é um disco para elas.
Bochechas saiu na passada sexta-feira (19 de fevereiro) via Revolve e pode ser escutado na íntegra em baixo.
DJ Spielberg revisita o som original da cultura rave em 'Carregada/Calibrada'
DJ Spielberg está de regresso com novo EP. Carregada/Calibrada assinala o primeiro lançamento da No She Doesn’t em 2021 e garante o antídoto para os saudosistas das pistas de dança através de quatro faixas que exploram o fetichismo da cultura rave dos anos 1990.
“Mais do que uma simples recreação”, explica a editora lisboeta em comunicado, o novo EP de Hugo Barão canaliza o som e a energia das primeiras raves em quatro “bangers certificados” que cruzam o jungle, o trap e o breakbeat de forma direta e sem enchimentos. O disco está agendado para sair na próxima sexta-feira, dia 26 de fevereiro, e encontra-se disponível para compra-antecipada no Bandcamp.
Em janeiro, Hugo Barão reconstruiu, em formato digital, a pista de dança do Desterro. No She Doesn’t at Desterro é uma “experiência imersiva” que permite descobrir todas as salas do icónico clube noturno de Lisboa, ao mesmo tempo que promove o seu novo disco de uma maneira criativa e inovadora.
O primeiro single de Carregada/Calibrada, “Mesmo Blessed”, já pode ser escutado em baixo.
The Horrors antecipam novo EP com "Lout"
Os The Horrors estão de regresso com o primeiro lançamento em quatro anos. "Lout" sucede o anterior álbum V, de 2017, e antecipa o EP com o mesmo nome, agendado para sair no próximo dia 12 de março.
Faris Badwan, vocalista, afirma que o EP "é sobre a relação entre escolha e acaso, arriscar compulsivamente e forçar a sorte". O seu primeiro avanço, "Lout", canaliza o nervo post-punk dos registos anteriores para uma paisagem mais abrasiva e opulenta, informada pelo ruído industrial de grupos como Ministry ou Nine Inch Nails.
"É a música mais suja que fizemos desde o [álbum de estreia de 2007] Strange House", acrescenta Rhys Webb. "Uma intensa enxurrada de ruído industrial. Um retorno ao espírito e atitude do nosso LP de estreia, mas projetado para o futuro."
O tema encontra-se disponível nas várias plataformas de streaming e vem acompanhado de um pequeno complemento visual, que podem conferir desde já em baixo.
"Portuaria" é o novo EP de Otro
Depois da estreia em 2020 nos longa-duração com Untitled (Live From Nowhere), editado com a chancela da portuense Eastern Nurseries, Aaron Morris, produtor de Valência que dá corpo a Otro, lançou ontem um novo EP de originais, intitulado Portuaria.
As composições frágeis e melódicas de Untitled (Live From Nowhere), disco gravado em isolamento, dão lugar a oito excertos sonoros de ambiências orgânicas, envolvidos numa atmosfera urbana e distópica. Como o próprio título anuncia, este é um trabalho que pretende mergulhar no lado mais sombrio do quotidiano portuário, onde as buzinas dos grandes navios cargueiros se fazem escutar, acompanhadas por arranjos de cordas e outros sons trazidos pelo mar, como é exemplo o tema “Suburbia (Entering)”.
Otro contou com o contributo de diversos artistas na produção de Portuaria, entre eles Concrete Fantasies, Candlelight, Claudia Dyboski, RRUCCULLA e Alma Seroussi. Portuaria é uma edição de autor e pode ser adquirida em formato digital e cassette. A capa é da autoria de Nil Fernàndez.
O EP está disponível para escuta integral no Bandcamp do artista.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Novo disco dos Dame Area chega em abril pela Mannequin Records
"Mar Assombrado" é o novo single de Violeta Luz
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Callaz em entrevista: "Gostava de conseguir ser mais ousada"
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© Marta Costa |
A música de Maria Soromenho diz Callaz à frente, pseudónimo com o qual assina o seu percurso artístico desde 2017. Aprendeu a misturar sons sozinha, dando à sua linguagem musical o barulho de fundo próprio da autonomia, uma preferência por um processo de trabalho guiado pela filosofia DIY.
Dead Flowers & Cat Piss é o mais recente trabalho de Callaz, gravado no verão passado com a ajuda de Helena Fagundes (Vaiapraia e As Rainhas do Baile, Clementine, entre outros), a sua estreia na produção musical. As canções foram escritas após o lançamento do primeiro LP homónimo (fevereiro de 2020), antes, durante e depois da quarentena, inspiradas por livros, filmes, histórias vividas, contadas e imaginadas.
Numa conversa em registo eletrónico, falámos com Maria Soromenho sobre a origem de Callaz e as principais inspirações e referências, o processo de escrita de canções nas mais variadas línguas, os instrumentos utilizados na composição do novo álbum, entre outras temáticas. Fiquem com a entrevista completa, disponível em baixo.
Em primeiro lugar, como surgiu o nome Callaz?
Callaz - Gosto muito da Maria Callas. Lembro-me de ser mesmo muito pequena e estar meio fascinada com ela. Penso que tenha sido a minha mãe a falar-me dela e a mostrar a sua música. Quando estava a começar o projeto, ouvi a Norma cantada por ela e foi instintiva a ideia de utilizar o Callas mudando o "s" para "z" (o meu primeiro nome é Maria).
O teu universo estilístico está associado ao mundo da música, tanto como Styling Assistant de várias artistas conceituadas, como na marca Maria Soromenho, projecto de criação de roupa e lenços de seda. Conta-nos como foi a primeira vez em que realmente tiveste essa consciência e oportunidade de começar a fazer a tua música.
Callaz - Em 2016 tinha a minha marca Maria Soromenho e estava a morar em Los Angeles. Um amigo perguntou se queria cantar em português numa música dele. Fomos para o estúdio (Lollipop Records), e gravámos a música. Foi a partir desse dia que comecei mesmo a ponderar a ideia de começar a fazer a minha própria música. No ano seguinte voltei para Lisboa e peguei no Casio que tinha comprado quando tinha 10 anos. Imprimi uma folha com os acordes (não tenho educação musical) e comecei a experimentar enquanto escrevia letras.
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Capa de Dead Flowers & Cat Piss |
O que pretendes transmitir com Dead Flowers & Cat Piss?
Callaz - Dead Flowers & Cat Piss pretende dar um efeito de sequela/espelho ao título do meu primeiro EP, composto também por um conjunto de elementos “semelhantes” (Beer, Dog Shit & Chanel No5).
Comparativamente ao disco de estreia homónimo de 2020, Dead Flowers & Cat Piss soa-nos mais ousado, instrospetivo, repleto de arranjos experimentais. O que sentes que mudou neste tão curto espaço de tempo entre estes dois trabalhos?
Callaz - Este disco foi escrito durante o primeiro confinamento, acabando por torná-lo mais introspectivo que os trabalhos anteriores. Tenho sempre o objetivo de explorar/experimentar mais e penso ter começado a fazê-lo um pouco nalguns arranjos e na voz, mas ainda gostava de conseguir ser mais ousada. A mudança global de 2019 para 2020 foi drástica e penso que em mim talvez se tenha refletido na música.
Podes-nos contar como foi trabalhar com a Helena Fagundes na produção de Dead Flowers & Cat Piss?
Callaz - Foi muito bom e fácil trabalhar com a Lena. Ela é muito talentosa, tem uma ética de trabalho impecável e vontade de compreender e respeitar a ideia inicial do músico, para que a produção a realce mas mantenha.
Falando novamente em colaborações, qual seria para ti o artista de sonho com quem gostarias de colaborar?
Callaz - Não sei bem, mas provavelmente alguém que saiba muito sobre música não ocidental.
Callaz é um projeto que tem adotado essencialmente uma postura DIY ao longo das várias edições, uma vez que até aprendeste a misturar sozinha. Que instrumentos é que foram utilizados na construção deste disco?
Callaz - Para as demos utilizei Casios e alguns pedais, o Garageband e samples. O disco foi feito num estúdio caseiro e além do microKORG, utilizámos sons de synth em midi e muitas camadas de sintetizadores emulados no software Pro-Tools. Utilizámos também algumas samples e as baterias foram feitas no software Hydrogen, num sample pad e na drum machine Korg Volca Beats. Em algumas músicas a Lena tocou baixo, guitarra e xilofone e depois trabalhou com efeitos na pós-produçao.
Callaz - Oiço muita música e variada e gostava de não ficar demasiado presa à musica que mais gosto mas no início do projeto as referências fundamentais foram Young Marble Giants, Cristina, The Space Lady, Marine Girls, Velvet Underground, Nico, Suicide, The Raincoats…
As letras que compõe este disco dividem-se entre a língua portuguesa, a inglesa e a francesa. Como é que funciona o teu processo de escrita de canções?
Callaz - Costumo escrever e ler nas três línguas. Quando oiço ou penso algo de que gosto da sonoridade costumo apontar no meu caderno. Quando vou escrever, às vezes acabo por fazer uma colagem de várias coisas que apontei antes. O processo mudou de música para música mas raramente escrevo uma letra de seguida. Conforme vou criando a música, vou “moldando” a letra.
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© Marta Costa |
O tema “Aghast” é um dos maiores destaques de Dead Flowers & Cat Piss. Podes-nos falar um pouco sobre ele?
Callaz - Sempre gostei da cena em que Ginger Rogers e Fred Astaire representam a música "Pick Yourself Up no Swing Time" (1936). Utilizei aqui a minha parte da letra preferida ("I pick myself up, dust myself off, start all over again"). A demo tinha inicialmente 3 minutos e foi ideia da Lena prolongá-la e adaptá-la à ‘pista de dança’. A outra parte da letra é inspirada numa história de Cleopatra (pearls in wine) onde esta esmaga uma das suas pérolas em vinho e bebe-o, ganhando assim uma aposta a Marco António.
Já atuaste em diversos países europeus e até tiveste direito a uma digressão em Nova Iorque. Em que sala de concertos é que gostarias mesmo de tocar e ainda não tiveste oportunidade de o fazer?
Callaz - Tenho tantas saudades de concertos que qualquer sala serve para mim neste momento :)
Como é que te ocupaste na quarentena? Dirias que o confinamento foi produtivo?
Callaz - O primeiro sim, este está a ser muito mais complicado por várias razōes mas o objetivo é conseguir não desanimar. Não me faltam coisas para fazer…
Relativamente a planos para o futuro, há algo que nos possas adiantar?
Callaz - Estou a criar novas músicas que quero conseguir gravar este ano, mas ainda não tenho planos concretos.
Para finalizar a entrevista, podemos saber que artistas e bandas tens escutados nos últimos tempos?
Callaz - Aretha Franklin, Nino de Elche, Chick Corea, Gazelle Twin, Jlin, Saul Williams, Vivaldi: The Four Seasons do Nigel Kennedy, Catherine Ribeiro, Sudan Archives, This Heat, Akaba Man, canto ortodoxo Russo, Gregoriano, entre outros!
Dead Flowers & Cat Piss saiu na passada sexta-feira (19 de fevereiro) e pode ser escutado na íntegra em baixo.